Apesar de ter melhorado nos últimos anos - principalmente em função da Copa -, a acessibilidade nos aeroportos gaúchos ainda esbarra em equipamentos escassos e pouco adaptados às diferentes necessidades dos passageiros com deficiência.
Elevadores que ajudam no embarque e desembarque, cadeiras robóticas acopláveis às tradicionais e aeronaves com assentos e entradas adequadas ainda são pouco comuns - e não incluem as especificidades de cada pessoa com mobilidade reduzida. Cadeiras de rodas, banheiros, bebedouros e telefones adaptados são exigidos pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em todos os aeroportos do Brasil.
A presença de equipamentos específicos para levar os passageiros até o avião, porém, depende apenas das companhias aéreas. Cabe à Infraero e às demais administradoras disponibilizar os acessórios na área de circulação dos aeroportos, como saguão e estacionamento, e prestar ajuda quando solicitadas.
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O problema é que, mesmo quando são disponibilizados meios de transporte, nem todos os casos são contemplados. Cadeirantes, por exemplo, precisam de assistências diferentes, mas os equipamentos usados - quando existem - não são capazes de atender a todos os casos.
- Muitos de nós conseguem viajar e ocupar os assentos sozinhos, mas como ficam os tetraplégicos ou obesos sem mobilidade? - questiona o atleta paraolímpico de esgrima Jovane Guissone.
Jovane menciona um caso recente para explicar como a acessibilidade nos aeroportos ainda tem muito a melhorar. A executiva Katya Hemelrijk da Silva precisou se arrastar por degraus para embarcar em um voo de Foz do Iguaçu (PR) para São Paulo, mesmo ressaltando ser cadeirante ao comprar a passagem. A falta de uma cadeira especial e de elevador conhecido como ambulift dificultaram seu acesso à aeronave. A irregularidade poderá resultar em multa de até R$ 300 mil para a Gol e a Infraero.
A tripulação ofereceu ajuda, mas ela negou, alegando que seria "humilhação" e sua condição - uma doença genética rara conhecida como "síndrome dos ossos de cristal" - exige cuidados.
Generalidade prejudica assistência adequada
A Anac recomenda que os passageiros informem suas necessidades na reserva ou, no mínimo, 48 horas antes do embarque. Dos aeroportos, são exigidos equipamentos que facilitem a acessibilidade e equipes treinadas.
As companhias aéreas também devem contar com meios de facilitar o transporte. Contudo, a dificuldade em lidar com as especificidades permanece. Presidente da Federação Rio-Grandense de Entidades de Deficientes Físicos (Fredef), Jair Silveira diz que a acessibilidade melhorou, mas há muito a mudar.
- Há empresas em que os comissários não têm treinamento, não há equipamentos ou as aeronaves não são adaptadas. O problema maior é que oferecem as mesmas alternativas para pessoas com lesões diferentes. Generalizar nos prejudica - relata Silveira.
No Estado, os principais aeroportos informam que cumprem a legislação e contam com equipes treinadas. A Infraero adiantou que, a partir de 2015, haverá melhorias - inclusive com a compra de 15 ambulifts. Como já conta com um sistema semelhante, Porto Alegre não será contemplada.
*Zero Hora

