
Com reinauguração marcada para este sábado, o Museu da Imigração (MI), instituição da Secretaria de Estado da Cultura, reabre suas instalações com novo plano museológico e exposição de longa duração, completamente reformulada. O prédio, tombado pelo Conpresp e pelo Condephaat, passou pelo primeiro restauro completo desde que teve sua construção finalizada, em 1888.
Sediado no edifício da antiga Hospedaria do Brás patrimônio público e importante ícone da história do Estado e da cidade de São Paulo o Museu da Imigração retoma as atividades com o objetivo de compreender e refletir o processo migratório a partir da história das 2,5 milhões de pessoas, de mais de 70 nacionalidades, que passaram pelo prédio entre os anos de 1887 e 1978.
Para o evento de reabertura do Museu, além da solenidade de reinauguração no período da manhã, a programação do dia segue com apresentações teatrais, de dança e música das comunidades de imigrantes e descendentes e show de Arnaldo Antunes, que encerra as atividades da data.
Nos meses de junho e julho, os dois primeiros após a reabertura, o Museu da Imigração será totalmente gratuito. O ingresso oferece acesso aos espaços expositivos, jardim, café, loja, biblioteca e área de convivência. A Maria Fumaça, gerida pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, permanece com saídas regulares e pagas.
Para a retomada das atividades, o MI prepara uma programação cultural que contempla diversos públicos. A agenda conta com apresentações de teatro, dança, música, oficinas e palestras sobre o patrimônio relacionado aos processos migratórios ligados a São Paulo.
Em destaque entre as novidades do MI, está a exposição de longa duração que, em oito módulos, conta por meio de documentos, fotos, vídeos, depoimentos e objetos, como o processo migratório é um fenômeno permanente na história da humanidade.
O público encontra também espaços de imersão, como uma sala que recria um amplo dormitório da antiga Hospedaria, com projeções em grande escala de trechos de cartas e trilha sonora especial. Também estão contextualizadas as questões relativas ao trabalho e encaminhamento para o campo e, na sequencia, o módulo "São Paulo Cosmopolita" apresenta a cidade pela perspectiva dos bairros Bom Retiro, Mooca, Brás e Santo Amaro, homenageando com imagens e vídeos as referências imigrantes inscritas nas festividades, nos traços arquitetônicos e nas transformações culturais presentes nessas regiões.
E para reiterar que a história da migração humana não deve ser encarada como uma questão relacionada exclusivamente ao passado, o MI procura fomentar durante esse trajeto expositivo o diálogo sobre o tema como um fenômeno contemporâneo, reconhecendo a recepção dos milhões de imigrantes atuais e a repercussão deste deslocamento para a cidade. No módulo "Imigração hoje", um painel interativo forma um mosaico de rostos de diversas origens que reproduzem depoimentos de pessoas que passaram recentemente pela experiência de deslocamento. No último módulo do percurso, encontra-se ainda um espaço educativo destinado a acolher grupos e promover o desenvolvimento de atividades, oficinas e discussões.
Arte contemporânea
No primeiro momento da nova exposição de longa duração, o visitante encontra no trajeto uma obra de Nuno Ramos - importante nome da arte brasileira contemporânea - que busca ressignificar a relação estabelecida entre o homem, o trabalho e a diversidade de línguas. Inspirada em um trecho do livro "Isto é um Homem?" do escritor italiano Primo Levi, a instalação homônima, recria uma caçamba tombada com quase 30 mil tijolos marcados com palavras em francês, tcheco, iídiche, alemão, húngaro e inglês mencionadas no texto de Levi. Em outro momento da criação de Nuno, um único tijolo, posto sobre uma cadeira, dialoga com gravações de áudio que emitem o mesmo trecho do livro citado acima. Para Nuno Ramos é "como se o esforço e derrisão dos que construíram a torre de Babel fosse proporcional, em sua desmesura e inutilidade, à incompreensão e falta de comunicação entre os homens. Embora pertencente a uma experiência extrema e quase impensável (o Holocausto), sem qualquer proporção com o tema da imigração, não resta dúvida que a maldição do trabalho e a diáspora das línguas entrelaçam-se na vida do imigrante".
Serviço
Reabertura Museu da Imigração
Data: 31/05/2014
Local: Museu da Imigração
Horário: das 10h às 17h
Endereço: Rua Visconde de Parnaíba, 1316 - Mooca - São Paulo
Entrada gratuita