As vitaminas são compostos orgânicos que devem ser consumidos na nossa dieta porque não podemos sintetizá-los em quantidades adequadas. Cada vitamina tem função específica no organismo, incluindo a regulação hormonal, a proliferação celular, o crescimento e a diferenciação de tecidos e efeitos antioxidantes.
Mas a vitamina D3 temos capacidade de produzir, desde que sejamos expostos à luz solar. É como se o precursor dela estivesse dormindo na nossa pele e só acordasse para produzi-la quando fosse iluminado pelo raio ultravioleta B (UVB), aquele mesmo que traz envelhecimento e até câncer de pele. Calma, desde 1985 sabe-se que o tempo de exposição necessário para essa produção é curto: em torno de seis a oito minutos por dia para crianças e 15 minutos por dia para adolescentes, com a cabeça e os braços expostos. Mas não é tão matemático assim. Todos fatores que reduzem a chegada do UVB na epiderme vão influenciar na quantidade de vitamina metabolizada. Assim, os raios solares chegam mais fracos no inverno, o uso de filtro solar pode bloquear 99% do UVB, e a cor da pele, que tem a melanina como um filtro solar natural, contribui para menor produção da vitamina. Alguém com pele negra pode necessitar de cinco a oito vezes mais tempo de exposição para a mesma síntese da vitamina.
Existe outra fonte? Na alimentação natural, muito pouco. Só nos peixes oleosos, como salmão, ou no óleo de fígado de bacalhau. As quantidades em outros alimentos são insuficientes, incluindo leite humano e de vaca.
Vamos agora entender a importância da vitamina D. É um pró-hormônio essencial para a absorção normal de cálcio do intestino, e sua deficiência está associada ao raquitismo nas crianças. Raquitismo é a incapacidade de mineralização do osso em crescimento, resultando em deformidades ósseas, diminuição da estatura e outras alterações. Ou seja, se houver deficiência de vitamina D, mesmo que seu filho seja um terneirinho tomando muito leite por dia, todo esse cálcio não será absorvido no intestino. Consequentemente, menos cálcio entra nos ossos, deixando-os mais fracos. As descrições iniciais de raquitismo foram feitas já no século 17. Na virada do século 20, com a industrialização e mudança do campo para a cidade, a doença tornou-se endêmica, até que se descobriu que a exposição à luz solar e o óleo de fígado de bacalhau podiam prevenir e tratar a deficiência, e o raquitismo nutricional quase desapareceu.
No entanto, tem havido um ressurgimento da deficiência de vitamina D e de raquitismo nas últimas décadas. A progressiva mudança no estilo de vida, com atividades predominantemente em ambientes fechados, além do temor do câncer de pele, levaram a cada vez menos exposição solar. Sabe-se que mais de 90% do tempo livre das crianças é dedicado à recreação em locais cobertos. Outro fato constatado é o maior risco de neoplasia cutânea quanto mais jovem a pele for exposta; e é cumulativo!
Vamos à solução sensata. Temos duas fontes de vitamina D: pele e dieta. A Academia Americana de Pediatria orienta evitar a exposição solar nos bebes até seis meses, e o leite materno não supre o necessário, então, temos que suplementar. Depois de um ano, novamente use o bom senso: sol, peixe e suplementação manterão seu filho longe do raquitismo (e os adultos longe da osteoporose). Consulte seu médico.