
Com aplicações variadas, que vão da inalação à massagem, do banho ao escalda-pés, os óleos essenciais ainda geram muita controvérsia – há uma extensa lacuna que separa a recomendação de uso por parte de terapeutas, muito baseada em experiências subjetivas, e uma efetiva comprovação demonstrada por meio de pesquisas científicas.
Conforme entusiastas da aromaterapia, isso se deve à falta de interesse em financiar pesquisas com o óleo extraído de plantas: uma possível alternativa a remédios que não seria tão rentável para a indústria.
"Muitos dos estudos convencionais sobre drogas são financiados pela indústria farmacêutica. Há pouca motivação para essas empresas em financiar pesquisas sobre substâncias de plantas naturais porque elas não podem ser facilmente patenteadas, limitando o potencial para lucro. Portanto, encontrar financiamento para pesquisas sobre óleos essenciais pode ser desafiador", informou à reportagem o Centro para Espiritualidade e Cura da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos.
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Mesmo naturais, óleos essenciais devem ser usados com cuidado
Entre os poucos estudos científicos que tentaram apurar a eficácia do uso de óleos essenciais e plantas medicinais no tratamento de alguns males, nenhum parece ter demonstrado a eficácia desses produtos. Investigações de pesquisadores brasileiros feitas em 2006 e 2007 para avaliar a aplicação das plantas valeriana e passiflora em pacientes com transtornos de ansiedade não encontraram evidências suficientes para tirar conclusões sobre seus efeitos no tratamento.
Outra pesquisa, realizada em 2012 por profissionais de universidades europeias, apontou que a aromaterapia pode levar a efeitos adversos, sendo o principal deles a dermatite. O estudo concluiu que a falta de evidências combinada com os possíveis efeitos nocivos leva a questionar a utilidade dessa modalidade. Os mesmos autores apontaram efeitos adversos da homeopatia e de outras formas de medicina alternativa.
Efeitos difíceis de testar
A Universidade de Minnesota pondera que, no que tange à aromaterapia, é difícil achar uma relação clara de causa e efeito nos tratamentos – algo fundamental para se poder afirmar a eficácia de um produto dentro do modelo tradicional de pesquisa científica. Quando um óleo essencial é aplicado em massagem, por exemplo, e assim misturado com outras substâncias, como um óleo vegetal, é difícil saber se um resultado, positivo ou não, foi causado pela essência de uma planta, por outra substância ou pela própria massagem. Além disso, mesmo os óleos mais puros contam com grande variedade de compostos químicos, complicando a tarefa de saber qual foi responsável pelos efeitos obtidos.
Apesar da difícil comprovação científica, há casos de uso da aromaterapia até em ambientes hospitalares. Em junho, o Hospital Santa Cruz, no Vale do Rio Pardo, deu início a um projeto que envolve o uso de difusores elétricos com óleos essenciais com o objetivo de "diminuir os níveis de estresse, medo e ansiedade que são comumente apresentados pelos pacientes no pré-operatório".
– O óleo de lavanda é conhecido por sua capacidade relaxante. Além disso, funciona no combate a microrganismos. Então, os pacientes relaxam, ficam mais tranquilos, calmos, e a lavanda ainda inibe formação de fungos e bactérias. Melhora o físico e o emocional das pessoas – diz o professor do curso de Estética e Cosmética da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) Fábio Pimentel.