Vida

Naturais e controversos

Inalação, massagem, banho: entenda as diferentes formas de utilização dos óleos essenciais

Muito usadas pela indústria de perfumes e cosméticos, substâncias são pouco estudadas e exigem cuidado na utilização

Guilherme Justino

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Presentes na produção de perfumes, espalhados pelo ar para envolver o ambiente ou misturados com cremes para serem aplicados sobre a pele, os óleos essenciais têm sido opção para quem busca uma experiência relaxante, por meio de suas alegadas propriedades calmantes, ou ainda a quem procura um efeito estimulante e vê no uso dessas substâncias um poder revigorante.

Com aplicações variadas, que vão da inalação à massagem, do banho ao escalda-pés, esses óleos, apesar de serem recomendados por aromaterapeutas para combater uma série de problemas físicos e mentais, têm eficácia limitada – e, quando mal utilizados, acarretam riscos.

Entendidos como uma das formas de energia vegetal mais concentradas que existe, os óleos essenciais geralmente são extraídos por meio de um processo que pode utilizar folhas, flores, caules, sementes, raízes ou cascas, dependendo da planta, para a fabricação do produto final. O resultado é um líquido natural, mas com alta concentração química, que exige quilos e mais quilos de plantas para a obtenção de apenas alguns mililitros. Essa alta necessidade de refinação faz dessas substâncias, quando puras, bastante caras.

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Para entender sua utilização (e seus limites), cabe explicar o que significa o nome "óleos essenciais". A descrição pode levar ao engano: apesar de serem chamados de óleos, essas substâncias nem sempre são exatamente oleosas. Seu uso mais comum é em forma de líquido. Tampouco o termo "essencial" pode ter o significado que se imagina – a palavra, nesse caso, refere-se à essência da planta, concentrada para ser utilizada de diferentes formas, e não quer dizer "indispensável".

– São produtos feitos de diferentes formas, e cada planta vai ter propriedades específicas. Algumas têm capacidades fungicidas; outras, calmantes. Depende do tipo de planta e do óleo que ela produz. A maior parte deles vai para a indústria da cosmética, para a produção de perfumes e também para produtos de limpeza. Outros, ainda, são vendidos in natura – explica Fábio Pimentel, professor do curso de Estética e Cosmética da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).

Vendidos em lojas de produtos naturais e, mais recentemente, bastante alardeados nas redes sociais por empresas e usuários – muitos até mesmo sem formação em aromaterapia –, os óleos essenciais devem ser aplicados com cuidado. Para aquelas plantas que trariam benefícios ao ter seu extrato espalhado pelo ambiente, como a lavanda, a recomendação é inalar, por alguns minutos, o vapor de apenas algumas gotas de óleo misturadas com bastante água ou deixar um difusor, normalmente a vela ou elétrico, lentamente fazer esse trabalho.

– Além dos destiladores, esse processo pode ainda ser feito por meio de um inalador pessoal, ou com o uso de um colar aromático, também chamado de "difusor pessoal", utilizado com pingentes – descreve a naturóloga Lúcia Fernandes Bonito, diretora da Associação Brasileira de Naturologia (Abrana).

Outro tipo de utilização envolve a aplicação diretamente na pele. E essa técnica exige especial atenção: como são muito concentrados, alguns líquidos podem causar inflamações e até queimaduras. A orientação é misturar o óleo essencial desejado com uma parte significativamente maior de outro produto, como sabonete líquido ou creme hidratante.

– Tem de ser uma misturada boa. Em uma massagem, recomendamos 5% de óleo essencial para 95% de creme ou óleo vegetal. A aplicação do óleo essencial diretamente sobre a pele é bastante restrita – completa Lúcia.

Os óleos essenciais também podem ser utilizados durante o banho – seja por imersão, em uma banheira, ou misturados com água e espalhados sobre o corpo no chuveiro – e aplicadas com uma compressa quente, morna ou fria, dependendo do objetivo.

Natural x sintético

Aromaterapeutas ressaltam a diferença entre óleos essenciais, extraídos de plantas consideradas medicinais, e de versões sintéticas, feitas em laboratório. Vendidas a preços bem mais baixos, as essências sintéticas reproduziriam apenas o aroma dos produtos puros, mas não suas propriedades terapêuticas. Assim, um óleo sintético de lavanda, por exemplo, traria um cheiro agradável ao ambiente, mas não teria características calmantes.


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