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Tive contato com ReCore pela primeira vez durante a Brasil Game Show deste ano. A experiência não durou muito: jogado em uma arena com um punhado de inimigo, morri rapidamente. A impressão que tive foi de um game divertido, que exija reflexos e respostas rápidas, mas de alma antiga. A maior parte dessa impressão acabou se confirmando nas duas últimas semanas, quando pude testar o jogo completo.
Produção da Comcept e Armature Studio o XBox One, ReCore mistura elementos de ação com puzzles em um vasto mundo desértico. O visual é meio diesel punk, com traços que lembram um pouco Borderlands. Você comanda Joule, que parece ser a única sobrevivente de uma tentativa fracassada de colonização do planeta em questão, Eden Distante. Ao seu lado está um cachorro robótico chamado Mack.
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O jogo não fornece muito mais explicações de início. Em pouco tempo, o jogador aprende o básico: pular, aplicar corridinhas, atirar, usar o companheiro como arma e extrair o núcleo dos inimigos mortos usando um dispositivo extrator que parece um cabo de guerra. As formas de vida inimigas são formadas por sucatas afiadas do que deveria ser um admirável mundo novo, apresentadas tanto na forma de animais, como lobos, aracnídeos e primatas, como na forma de estruturas puramente bélicas, como tanques de guerra e robôs alienígenas.
Batalhar exige certa concentração e dedo rápido não apenas no gatilho, mas na alternância de munição, cujas cores precisam combinar com as cores dos inimigos. Tipo: inimigos vermelhos sofrem mais dano com munição vermelha e assim por diante. A munição, aliás, é infinita, mas precisa de um tempo para ser recarregada. A mira automática é confortável nos momentos em que se enfrenta apenas um inimigo – o que é muito raro, tornando o expediente quase sempre irritante.
Com o avançar do jogo, descobre-se que é possível fazer upgrades no seu bichinho de estimação, além de acumular outros parceiros, cada um com habilidades específicas e necessárias para acessar determinadas partes do cenário _ que é bonito, mas basicamente o mesmo: um monte de areia e formações rochosas pontuado por restos de maquinário e instalações abandonadas.
Além da missão principal, é possível explorar locais do cenário em busca de atualizações e itens especiais, como cavernas e laboratórios desativados. Mas eles apresentam quase sempre os mesmos tipos de ameaças e puzzles, o que torna tudo um tanto monótono, chato até.
E é esse, talvez, o principal problema de ReCore. Depois de algumas horas, o jogo mostra que não irá oferecer muito mais em termos de desafio e recompensas, tornando-se repetitivo e algo frustrante – especialmente para jogadores mais experientes. Você recolhe uma tonelada de itens para, de volta a sua base, fazer apenas pequenas atualizações nos seus robôs – sem conta a impossibilidade de customizar a própria arma ou visual.
Fica a sensação de se estar jogando um game de pelo menos duas gerações passadas com tratamento gráfico muito aquém da atual geração e acabamento tosco (a maneira como a personagem alcança plataformas é uma vergonha). Quer dizer, qual é o ponto de ReCore? O que ele pretende? Talvez agradar aos fãs de antigos games de plataforma com uma atualização em 3D. Ou oferecer diversão casual nessa entressafra de grandes títulos. Talvez.