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Casa de shows, palco para as artes cênicas, galeria de exposições, lojas de produtos descolados e até cabeleireiros. Tudo embaixo do mesmo teto. Porto Alegre vê crescer, cada vez mais, o número de espaços multiculturais, que oferecem uma gama extensa de programação, do cinema à dança, das artes plásticas à culinária, em forma de oficinas, palestras, performances e o que mais aparecer pela frente.
Uma dessas novas iniciativas é a Aldeia, local que abre suas portas neste sábado, com diversas atividades gratuitas ao longo desta sua primeira semana de funcionamento (leia abaixo). Já a partir da inauguração, a Aldeia abrigará a livraria Baleia, de Nanni Rios, a marca de sapatos veganos Insecta Shoes, de Pam Magpali e Bárbara Mattivy, o estúdio de animação digital de Artur Kerschner e o estúdio de cabelos de Laurie Martignago.
- Todos nós já temos projetos conjuntos há muito tempo. Resolvemos chutar o balde nos nossos empregos e abrir nosso próprio negócio com coisas de que gostamos - explica Nani, ex-funcionária da editora L&PM.
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O estalo veio quando Nanni passou a visitar a namorada em Buenos Aires. Lá, ela observa, "há um centro cultural em cada esquina". O que antes era visto com um certo receio virou certeza: era aquilo que ela queria fazer. Voltou para Porto Alegre e decidiu começar a procurar locais para sediar a iniciativa. Aí surgiu um novo problema: a burocracia e os preços altos eram impeditivos.
"No Brasil, cultura se faz por milagres", pensou. No caso da Aldeia, o milagre foi a proprietária do imóvel, uma senhora que, por apostar na iniciativa, abriu mão de fiadores, adiantamentos e outros procedimentos necessários para o contrato de aluguel.
O professor de Economia da Cultura na UFRGS e coordenador do grupo de pesquisa Economia, Cultura e Desenvolvimento (UFRGS/CNPQ), Leandro Valiati, observa que o problema não é exclusivo de empreendimentos como a Aldeia, mas afeta diversas iniciativas semelhantes:
- Este é um problema grave com o qual convivemos. Os empreendimentos culturais estão submetidos às mesmas regras que qualquer outra atividade comercial. Além de gerar empregos e um sistema de integração urbana, a cultura é um instrumento de desenvolvimento social, então esse tipo de iniciativa merece todo o tipo de apoio.
Assim sendo, não é raro ver tais locais virarem polos culturais das comunidades em que se inserem. É o caso de centros como a Vila Flores, no Quarto Distrito, ou do Acervo Independente, no Centro Histórico de Porto Alegre. Leia mais sobre ambos, e sobre outras iniciativas da cidade, nos tópicos abaixo.
Aldeia
Aldeia abre suas portas neste sábado (Tadeu Vilani / Agência RBS)
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Novo espaço da Capital, que reúne livraria, estúdio de animação, loja de sapatos veganos e cabeleireiros.
Onde: Rua Santana, 252.
Programação da semana de abertura (todas as atividades têm entrada franca): inauguração neste sábado, às 18h; grupo de leitura de Sonho de uma Noite de Verão, de Shakespeare (segunda, às 19h30min); palestra sobre a técnica de consciência corporal Integral Bambu, com Joana Kirst Adami (quarta, às 19h); happy hour com as DJs Juli Baldi e Júlia Franz (quinta, às 19h); cineclube com Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho (sexta, às 19h30min). É indicado enviar e-mail para confirmar vaga.
Contato: www.facebook.com/aldeia252 e aldeia252@gmail.com.
Acervo Independente
Acervo Independente nasceu do financiamento coletivo (Divulgação)
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Trata-se de um projeto concebido por seis membros do Instituto de Artes: um espaço colaborativo que funcionasse ao mesmo tempo como escritório, ateliê e centro de exposições. Há cerca de seis meses, resolveram botar a ideia no site catarse.me, pediram uma grana por financiamento coletivo e conseguiram mais de 200 apoiadores. Desde então, o local recebe exposições recorrentes, organiza shows e se posiciona como um centro cultural no centro da cidade.
Onde: Rua General Auto, 219.
Funcionamento: de segunda a sexta, das 14h às 19h, e sábado, das 14h às 18h.
Próximas atrações: exposição Impressões Diversas, do artista visual Eduardo Montelli (até 22/08). Hora Feliz para Artistas Simpatizantes, abertura de espaço para qualquer um mostrar sua arte, sempre em meio à exposição que estiver em cartaz (30/07).
Contato: (51) 3224-4478, (51) 8409-9090, acervoindependente@gmail.com, www.acervoindependente.com.br e www.facebook.com/acervoindependente.
Galeria Mascate
Galeria Mascate é escritório e espaço de arte ao mesmo tempo (Tiago Coelho / Divulgação)
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Misto de galeria e estúdio de arte, o espaço abriga escritórios de design e imagem, de nomes como Bárbara Barbosa, além de espaços em que podem ser feitos editoriais de moda, sessões de fotografia e filmagens. É administrada pelo estilista Régis Duarte e pelo fotógrafo Tiago Coelho, que oferecem regularmente cursos e oficinas.
Onde: Rua Laurindo, 332.
Funcionamento: a galeria abre de terça a sábado, das 14h às 18h. O espaço, onde também funciona o estúdio Barraco, tem horário variável, dependendo dos eventos marcados.
Próximas atrações: este sábado é o último dia para visitar as exposições Amores Líquidos, de Renata Stoduto, e Praianas, de Carol de Góes. Ambas têm entrada franca.
Contato: (51) 3028-1919, mascate@barracoestudio.com.br e www.facebook.com/barracoestudio.
Galpon
Galpon nasceu como ateliê particular, mas cresceu (Rafael Chaves / Divulgação)
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O Galpon surgiu como um ateliê particular, do artista Rafael Chaves. Depois, virou um grande escritório. Acabou se transformando em uma galeria de artes e eventos. Segundo os organizadores, a proposta é que se curta o ambiente, não só o espaço de arte. É comum que rolem cursos, workshops, oficinas e shows de música - no início do mês, a banda Wannabe Jalva fez duas apresentações no local.
Onde: Rua Dr. Alcides Cruz, 398.
Funcionamento: de segunda a sexta, das 9h às 18h.
Próximas atrações: workshop de caligrafia e lettering com o designer curitibano Jackson Alves (19 e 20/07) e exposição do ilustrador e tatuador Victor Otaviano (24/07).
Contato: (51) 9183-8185, galponpoa@gmail.com e www.facebook.com/lachoriegalpon.
Vila Flores
Intenção da Vila Flores é acabar servindo como moradia provisória (Lauro Rocha / Divulgação)
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Resultado do restauro de uma casa construída em 1928, o espaço reúne cultura, tecnologia, sustentabilidade, ensino e negócios em um ambiente de 1,4 mil metros quadrados. No fim de semana passado, por exemplo, a Associação Cultural Vila Flores organizou uma festa junina, em que havia "crianças de colo e velhinhos de bengala", conta a gestora do local, Aline Bueno. Em dezembro passado, 40 artistas participaram do Projeto Simultaneidade. Entre hoje e amanhã, um grupo filmará um curta-metragem no local. Para o futuro, os proprietários pretendem transformá-lo em moradia temporária, além de disponibilizar salas para locação e organizar oficinas na área cultural.
Onde: esquina da Rua São Carlos com a Rua Hoffman.
Funcionamento: de segunda a sexta, das 10h às 18h, com agendamento prévio. Nos fins de semana, apenas quando há eventos.
Próximas atrações: curso de pintura e reparação de paredes com a ONG Mulheres em Construção (26/07).
Contato: (51) 3265-1600, vilaflorespoa@gmail.com e www.facebook.com/vilaflorespoa.
Solar Coruja
No Solar Coruja existe uma nanocervejaria (Divulgação)
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Nasceu da união de duas paixões de seus donos: cerveja e arte. O espaço, com dois andares, permite que se realizem shows, exposições, reuniões, eventos e performances - e também funciona como bar. Lá dentro, há ainda uma nanocervejaria da Coruja. Todas as terceiras terças-feiras do mês, o Solar organiza um encontro com um músico gaúcho, para bate-papo e show intimista - já passaram pelo evento Frank Jorge, Julio Reny e Nenung.
Onde: Rua Riachuelo, 525
Funcionamento: de terça a sábado, das 17h às 22h
Próximas atrações: Croqui do Boteco, em que quatro artistas passam o dia desenhando no Solar, para expor no mês seguinte (26/07).
Contato: (51) 3095-0525, comunica@cervejacoruja.com.br, www.facebook.com/SolarCoruja e www.cervejacoruja.com.br/blog.