
Foi na França que surgiu a melhor versão cinematográfica do conto de fadas A Bela e a Fera - o filme de Jean Cocteau, de 1946. É do mesmo país que vem a mais recente, com estreia nesta quinta-feira no circuito, em versões dubladas e legendadas.
Licenças dramatúrgicas à parte, é com a adaptação da Disney (de 1991) que o novo longa mais se parece, especialmente na parte final, quando a trama se transforma em um frenético filme de ação - com figurino, fotografia e direção de arte belíssimas, ressalve-se.
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Léa Seydoux é Bela, que se entrega à Fera (Vincent Cassel) para salvar o pai (André Dussollier), condenado pelo monstro ao arrancar uma rosa de seu jardim. A história se passa no início do século 19 (próximo à época em que foi escrita por Gabrielle-Suzanne Barbot) e tem algumas particularidades. Duas delas: Bela tem vários irmãos, que ganham destaque em momentos distintos da narrativa, e sua aproximação da Fera, aqui, tem menos desvios de rota e apelos à emoção, além de mais elipses, que podem causar estranhamento a quem espera uma trama mais convencional.
Cassel está irreconhecível como a besta que aos poucos revela sua história à mocinha, humanizando-se aos seus olhos - e aos do espectador. Já a atriz prova sua versatilidade retomando uma faceta mais inocente, vista, por exemplo, em A Bela Junie (2008), e dispensada em Azul É a Cor Mais Quente (2013).
A presença dela constitui um ponto forte de A Bela e a Fera. Não é o único. Não cedesse à tentação da correria ao buscar a comunicação com as plateias mais jovens, o diretor Christophe Gans (de Terror em Silent Hill) teria feito um filme belíssimo.
A BELA E A FERA
(La Belle et la Bête)
De Christophe Gans. Com Léa Seydoux, Vincent Cassel e André Dussollier.
Fantasia, França/Alemanha, 2014, 114 minutos, 12 anos.
Estreia nesta quinta-feira no circuito.
Cotação: 3 estrelas (de 5).