No final dos anos 1960, a televisão era encarada pelos profissionais do cinema como o fim da linha. Aos 23 anos, Steven Spielberg apostou no caminho inverso. Dirigindo episódios de seriados, logo ganhou a chance de mostrar o talento que lapidava com a câmera desde a adolescência.
O telefilme Encurralado (1971) abriu as portas de Hollywood para o jovem que viria a ser um dos grandes mestres do cinema e é um dos oito títulos embalados na caixa Steven Spielberg - Directors Collection, lançada no Brasil pela Universal (R$ 595).
Todos os filmes estão no formato Blu-ray, com cópias restauradas. Os discos são acompanhados por uma fartura de material extra: documentários, bastidores de filmagens e cenas inéditas. Um livreto apresenta em 30 páginas fichas técnicas e curiosidades sobre as produções. A seleção destaca a trajetória do diretor no estúdio Universal.
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Encurralado e Louca Escapada (1974) projetaram Spielberg na turma de realizadores que revigorou o cinema americano nos anos 1970. Com Tubarão (1975), ele apresentou o filme-evento que se tornou modelo do blockbuster, façanha renovada quando lançou E.T. - O Extraterrestre (1982). Spielberg consolidou seu próprio universo em diferentes gêneros, como na comédia 1941 - Uma Guerra Muito Louca (1979), no melodrama esotérico Além da Eternidade (1989) e nas aventuras da franquia Jurassic Park (1993).
Em um dos depoimentos, Spielberg diz acreditar no que filma como se fosse uma verdade absoluta - seja um alienígena fazendo amizade com crianças terráqueas ou dinossauros caminhando em algum canto do mundo. É um pacto de fé que ele renova há mais de 40 anos com seus admiradores.
Tubarão (1975)
O filme com o tubarão branco que devora banhistas em uma cidadezinha litorânea inaugurou a era dos blockbusters que se tornam fenômenos globais. Spielberg (acima, no set de filmagem) estourou prazo e orçamento por conta de seu preciosismo. Diante das limitações de movimento da criatura mecânica, apostou em mostrar menos o tubarão e investir mais na sugestão da presença da fera, recurso potencializado pela arrepiante (e oscarizada) trilha sonora de John Williams.
Encurralado (1971)
Após mostrar, como lembra, que era possível fazer cinema na TV - dirigiu episódios antológicos de seriados como Galeria do Terror e Columbo -, Spielberg ganhou a chance de tocar um projeto mais ambicioso. Realizou em apenas 13 dias e com orçamento apertado o telefilme de 74 minutos sobre um motorista (Dennis Weaver) perseguido por um misterioso caminhão na estrada. O planejamento meticuloso e a precisão narrativa resultaram numa trama de alta tensão que, devido ao enorme sucesso de público e crítica, ganhou mais 15 minutos para ser lançada nos cinemas.
Louca Escapada (1974)
Spielberg seguiu na estrada inspirado em um caso policial real. Este longa vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes acompanha a jornada de um casal de marginais (William Atherton e Goldie Hawn) para recuperar o filho entregue à adoção. A dupla sequestra um patrulheiro e é perseguida por polícia e imprensa. A família fragmentada seria um tema caro a Spielberg.
1941 - Uma Guerra Muito Louca (1979)
Realizada após o aclamado Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), esta comédia maluca satiriza a paranoia que tomou conta dos Estados Unidos nos dias seguintes ao ataque japonês em Pearl Harbor. Em meio à entrada do país na II Guerra, Los Angeles vira um pandemônio graças a figuraças como o piloto de avião vivido pelo comediante John Belushi.
E.T. - O Extraterrestre (1982)
"Quando eu crescer, ainda quero ser diretor de cinema", disse Spielberg à época do lançamento deste aclamado sucesso. É pelo ponto de vista infantil que ele encena a terna fábula do alienígena perdido na Terra que é ajudado por uma turma de garotos. Ganhou quatro Oscar técnicos.
Além da Eternidade (1989)
Este melodrama esotérico é a releitura de um dos filmes favoritos de Spielberg na juventude: Dois no Céu (1943). Após morrer, piloto de combate a incêndios (Richard Dreyfuss) volta como espírito para inspirar sua traumatizada namorada (Holly Hunter) a tocar a vida sem ele. Ilustra os chamados filmes "maduros" do diretor. Último trabalho de Audrey Hepburn, no papel de um anjo que guia o protagonista no além.
Parque dos Dinossauros (1993)
A evolução dos efeitos digitais estimulou Spielberg a recriar o fantástico universo das criaturas jurássicas imaginado pelo escritor Michael Crichton."Fiz o filme que eu gostaria de assistir", afirmou o diretor. Mais de 20 anos depois, seguem impressionantes os dinossauros que, graças à engenharia genética, voltam à vida no parque temático construído em ilha remota.
O Mundo Perdido - Jurassic Park (1997)
Após a consagração com os sete Oscar de A Lista de Schindler (1993), incluindo seu primeiro de melhor diretor - ganharia outro com O Resgate do Soldado Ryan (1998) -, Spielberg voltou aos bichos pré-históricos. Ele produziu um terceiro título da franquia, de 2001, e também o quarto, Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015), que estreia no Brasil em junho de 2015.
