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Coragem, amor, afeto, leveza e ternura. Essas são algumas das mensagens que os cartazes de Vital Lordelo transmitem pelas ruas de Porto Alegre - e que agora estão organizadas e expostas no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, na primeira mostra individual do artista.
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Brasiliense radicado na capital gaúcha desde 2005, quando veio para estudar Jornalismo, Lordelo pode ser visto nas principais vias de acesso da cidade. Apesar de quase não assinar os trabalhos, é fácil reconhecer sua autoria pelo traço limpo, o uso de cores fortes e as mensagens positivas - entre elas, o lema Há Coragem Sempre Agora.
- Os pôsteres vieram da necessidade do diálogo com a rua e o concreto - resume Lordelo. - A rua e o concreto amedrontam as pessoas, então colar um cartaz de "Há Coragem Sempre Agora" é empoderar o transeunte para acreditar em si e seguir adiante.
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Essa relação com o centro urbano vem da terra natal, Brasília, que aos olhos do artista "era cidade para seres de cabeça, tronco, membros e roda". Ao tomar contato com o trabalho de nomes como Xadalu, Shepard Fairey, Ygor Marotta e Coletivo Transverso, veio a ideia de intervir com cartazes (embora ele também mexa com pintura, desenho, colagem e gravuras em serigrafia e ande estudando projetos com som).
- A colagem veio pela inquietação e ansiedade, e por poder processar a imagem, recortar e colar novas propostas e reescrever a poética - diz. - A publicidade historicamente contratava artistas para suas primeiras peças, e o suporte inicial foram os cartazes. Ressignificar, retomar esse processo, foi um ponto de partida.
Intitulada A Rua que Dá no Museu, com curadoria de Carlos Eduardo Galon e bancada em parte pela venda de kits com cartazes e adesivos, a mostra é a primeira individual de Lordelo, mas não sua estreia em locais fechados. Em 2007, expôs na Bienal B, em Porto Alegre, seguida de mostras em Lajeado e Belo Horizonte. Em ambientes opostos ao que sua arte está acostumada, ele acredita que a leitura deve ser outra.
- Falo do tempo da calma. A galeria permite esse oposto da rua, que é o do transeunte ser visitante, poder olhar e absorver a obra, permitir-se dialogar com o processo.
De qualquer forma, fechado entre quatro paredes ou ao ar livre, a proposta de Lordelo permanece a mesma: humanizar.
- São tempos de medo. Por isso, falo em aconchego e despertar para um abraço - diz.