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A exposição de Abraham Palatnik na Fundação Iberê Camargo é uma oportunidade de se conhecer a trajetória de um nome fundamental da arte contemporânea no país, ao mesmo tempo em que conta como ele ajudou a escrever um capítulo da história da arte brasileira.
As mais de 70 obras de "A Reinvenção da Pintura" são em parte de coleções particulares, por isso, de rara circulação. Reunido, esse conjunto percorre seis décadas de uma produção que projetou a arte cinética do Brasil internacionalmente.
Palatnik participou da 1ª Bienal do Mercosul, em 1997. Contudo, esta retrospectiva de agora é mais ampla e dá conta dos diferentes momentos de sua carreira, oferecendo a chance de se conhecer trabalhos pelos quais se tornou referência mundial ao lado de outros sul-americanos como o argentino Julio Le Parc e os venezuelanos Carlos Cruz-Diez e Jesús Rafael Soto (1923 - 2005).
Depois de estrear em 2013 no CCBB-Brasília e passar pelo Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, e pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), "A Reinvenção da Pintura" faz sua última parada em Porto Alegre, onde fica até outubro.
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A mostra ocupa o segundo e o terceiro andares da Fundação. Vale a pena começar a visita pelo segundo, onde estão as obras mais célebres e históricas. Os "Aparelhos Cinecromáticos" são apresentados apropriadamente em uma sala escura, o que permite uma melhor apreensão de suas formas coloridas que se movimentam. Ao lado, uma dessas obras está aberta, revelando em seu interior o circuito de motores, engrenagens e lâmpadas responsável pelo efeito visual.
Ao levar essas obras para a 1ª Bienal de São Paulo, em 1951, Palatnik faria história, não sem antes gerar controvérsia no ambiente das artes plásticas brasileiras, com reações de setores conservadores que ainda se dedicavam a repelir a introdução da pintura abstrata no país frente a vigência da figuração. Nesse sentido, a exposição mostra como Palatnik antecipou mudanças que ganhariam força com a arte contemporânea nos anos 1960, como os novos meios e a experimentação de linguagens.
Ainda no segundo andar da exposição, há diversos exemplares dos também históricos "Objetos Cinéticos", espécie de esculturas cujas estruturas se movimentam de modo sincronizado conforme princípios da física, lembrando o funcionamento preciso dos mecanismos de relógios analógicos. Essas obras low-tech conferem à exposição um ambiente de tecnologia defasada e futuro ultrapassado. Nada mais coerente no caso de Palatnik, um artista cuja engenhosidade inventiva sempre foi pautada por construções rudimentares e até arcaicas, em um modo de trabalho artesanal a que o artista se dedica até hoje, aos 87 anos, praticamente sozinho em seu ateliê.
Os curadores Pieter Tjabbes e Felipe Scovino apresentam ainda desenhos e pinturas de retratos e naturezas-mortas que Palatnik fez até conhecer as obras dos pacientes psiquiátricos que o impactaram a ponto de quase desistir de ser artista. Foi no fim dos anos 1940, no Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro, no Rio. Incluídos na mostra, os trabalhos dos internos ajudam a perceber que Palatnik não era exatamente um pintor promissor. E, assim, explicam sua virada, quando abandonou a pintura tradicional e começou a aplicar conhecimentos de mecânica, psicologia da forma (Gestalt) e cibernética às linguagens artísticas construtivas que se desenvolviam no país - Palatnik integrou o grupo carioca Frente, um dos que pautaram o debate construtivo no país. Outro destaque desse segmento da mostra são os móveis criados pelo artista, construções igualmente marcadas por jogos visuais.
Já no terceiro andar, está a produção menos conhecida de Palatnik. São relevos em papel e trabalhos em madeira e outros materiais que embaralham planos, gerando uma tremenda vibração ótica. O espaçamento arejado entre essas obras permite uma melhor fruição dos efeitos visuais, especialmente se as observarmos caminhando e se aproximando.
No conjunto de obras reunidas, "A Reinvenção da Pintura" afirma um artista que faz da artesania e da pesquisa com o movimento e a luz aspectos fundamentais de uma produção que é o marco zero da arte cinética no Brasil e pioneira no mundo na apropriação da tecnologia. E, assim, a exposição mostra que as inovações precursoras de Palatnik ajudam a melhor entender o uso da tecnologia na produção artística contemporânea atual, ao mesmo tempo em que esta também ilumina a compreensão de sua obra.
Abraham Palatnik - A Reinvenção da Pintura
- Visitação de terça a domingo (inclusive feriados), das 12h às 19h (último acesso às 18h30min). Até 4 de outubro.
- Fundação Iberê Camargo (Av. Padre Cacique, 2.000), em Porto Alegre, fone (51) 3247-8000. Gratuito.
- Estacionamento: no subsolo da Fundação, com entrada pela Av. Padre Cacique, no sentido Zona Sul.
- A exposição: retrospectiva do mestre da arte cinética no Brasil, com obras que usam luzes, movimento e energia elétrica.
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