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Pode fazer o maior sol e não haver nenhuma nuvem a caminho, mas neste sábado (27/6) a previsão é de chuva nas imediações da Praça Brigadeiro Sampaio, no Centro Histórico de Porto Alegre. Previsão, não: vai chover mesmo, com local e hora marcados. Por isso, vai ter gente saindo encharcada de dentro da Galeria Península, em frente à praça, na Andradas, 351.
O artista Denis Rodriguez suspendeu no teto da galeria uma estrutura com dezenas de câmaras de pneu. Um sistema faz delas uma espécie de nuvem, de onde cai uma chuva artificial que receberá os visitantes com barulhinho e tudo na exposição com abertura às 15h.
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Água Viva é um trabalho de arte que parte das discussões sobre a relação das pessoas com os espaços urbanos. Ou melhor, sobre como Porto Alegre virou as costas para as águas do Guaíba. Além das câmaras de pneus que prometem transformar a galeria em um quase-aquário, fazem parte da instalação imagens em que Rodriguez manipula mapas, desenhos, colagens, pinturas e fotografias que têm água e paisagem como temas. Nas palavras da curadora do projeto, Mônica Hoff, que já trabalhou nas Bienais do Mercosul, trata-se de um arquivo submerso. Apresentados nas paredes, os trabalhos estarão condicionados aos efeitos da chuva que cairá diariamente em diversos momentos do dia no período da mostra, até setembro.
- A ideia é convidar as pessoas a se perguntar sobre as transformações da cidade e sobre esse distanciamento com as águas do Guaíba - diz Rodriguez. - É uma exposição que procura disparar questões sobre a falta de estrutura urbana e nossa relação com a água.
Também integra o projeto uma ação que sai da galeria para se aproximar da comunidade e ativar a participação do público. Rodriguez convidou arquitetos para elaborar projetos de uma piscina pública no Guaíba. Nathalia Cantergiani, Marina Portolano, Carol Tonetti e Alberto Gomez preparam três maquetes de piscinas flutuantes, imaginando até uma que se movimentaria no Guaíba com a possibilidade de atracar em diferentes pontos da orla. Em um dos projetos, o escritor Daniel Galera participa com um texto como se fosse a voz da piscina.
As propostas estarão em votação, com uma urna na galeria. Ao final da exposição, o projeto selecionado pelo público será levado às autoridades, como um gesto crítico-poético no contexto das ações de movimentos como o Cais Mauá de Todos e o Ocupa Cais Mauá, que têm colocado em discussão os projetos de reforma e urbanização previstos no Cais do Porto e na orla do Guaíba.
- Propus que os arquitetos criassem equipamentos de entretenimento urbano para a região da orla com piscinas dentro da própria água - explica Rodriguez. - E a votação comunitária é um modo de sair do círculo das artes visuais para conquistar uma aproximação com a comunidade. Porto Alegre tem sete piscinas públicas, mas nenhuma no Centro Histórico.
Paulista de 37 anos, Rodriguez vive em Porto Alegre desde 2012. O olhar estrangeiro logo lhe despertou um pensamento sobre o espaço urbano, especialmente a separação entre as pessoas e o Guaíba. Não só pela poluição, mas pelo muro erguido sob o argumento de proteger a cidade de enchentes.
- Logo que cheguei, esse não acesso às águas do Guaíba me gerou questões - diz Rodriguez. - O Tietê em São Paulo não é mais remediável, mas acho que em Porto Alegre a transformação ainda é possível. Propor uma piscina é uma espécie de utopia. Mas, se cada um levantar uma bandeira, acredito que as coisas possam avançar.
Foto Lauro Alves (ZH)
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Encontro com a comunidade
A abertura da exposição Água Viva na Galeria Península ocorre neste sábado (27/6), das 15h às 21h, ao mesmo tempo em que o grupo Cais Mauá de Todos promove na Praça Brigadeiro Sampaio, no outro lado da rua, a festa junina Arraial dos Vizinhos do Centro Histórico. O objetivo do artista Denis Rodriguez é justamente criar uma movimentação do público entre a galeria e a praça. Para quem quiser experimentar a chuva artificial bolada pelo artista, capas e guarda-chuvas são bem-vindos. Os visitantes serão convidados a subir ao terraço do prédio da galeria, de onde se pode ver o Guaíba por cima das construções e do muro.
- É um paradoxo: uma água tão próxima a nós, mas não é permitido nos aproximarmos - diz Rodriguez. - A enchente foi nos anos 1940, e o muro é dos anos 1970. Será que era tão necessário assim? De qualquer modo, é a memória física que faz parte dessa história.
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