A atriz, diretora e roteirista Emmanuelle Bercot foi a sensação do Festival de Cannes deste ano com dois títulos: De Cabeça Erguida, escrito e dirigido por ela, foi o filme de abertura do evento; já Mon Roi, que protagoniza ao lado de Vincent Cassel, rendeu-lhe o prêmio de interpretação feminina. Drama potente sobre a trajetória errática de um garoto e dos esforços de uma juíza e de um assistente social para que ele não sucumba ao abandono e à delinquência, De Cabeça Erguida está em cartaz na Capital desde ontem.
Em um registro cru que tangencia o documental, o longa acompanha Malony (Rod Paradot) desde os seis anos, quando a juíza Florence Blaque (Catherine Deneuve) deve decidir sobre o futuro do menino por conta da reiterada negligência da mãe (Sara Forestier) em cuidá-lo. Passam-se os anos e Malony torna-se um adolescente rebelde e infrator, que rouba carros e agride pessoas. A mesma juíza encaminha-o para um centro de recuperação de delinquentes juvenis e ele passa a ter Yann (Benoît Magimel) como tutor. No entanto, a batalha para que Malony não se transforme em mais uma estatística sobre descaso parental e criminalidade vai exigir de todos paciência e compromisso extremos.
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- Encontramos Rod Paradot no que chamamos de "casting selvagem", procurando em ruas e escolas. Ele foi achado em um liceu profissional na periferia de Paris, em um ateliê de alvenaria. Quando filmamos, Rod tinha 18 anos, apesar de parecer menos, o que era bom, já que ele tinha que interpretar Malony dos 13 aos 18 - disse Emmanuelle Bercot a Zero Hora em junho, quando esteve no Rio de Janeiro participando do Festival Varilux de Cinema Francês.
Além da impressionante interpretação do estreante Paradot, cujo olhar transmite toda a fúria e a revolta do personagem, De Cabeça Erguida beneficia-se ainda do trio central de ótimos atores.
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Emmanuelle Bercot volta a falar de temas que já tinha abordado no roteiro do drama Polissia (2011) - desta vez, em um tom que lembra o cinema descarnado e humanista dos diretores belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne. Em tempos nos quais se debate no Brasil a redução da maioridade penal, De Cabeça Erguida argumenta com veemência a favor da educação e do amor como armas poderosas contra o crime e a fratura social.
De Cabeça Erguida
De Emmanuelle Bercot
Drama, França, 2015, 120min, 14 anos. Em cartaz no circuito (veja as salas no roteiro das páginas 8 e 9).
Cotação: 5
