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Em sua quinta edição, o RS Contemporâneo chega com uma novidade: a seleção de quatro artistas mulheres. O projeto do Santander Cultural que tem apresentado novos nomes das artes visuais do Rio Grande do Sul retorna nesta terça-feira (29/3), às 19h, em evento para convidados, com a inauguração das duas primeiras exposições das quatro programadas para este ano. Aqui É Tudo Diferente, de Lívia dos Santos, e Presença Sinistra, de Letícia Lopes, são apresentadas nas galerias laterais do térreo e estarão abertas para visitação a partir de quarta-feira (30/3).
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No segundo semestre, o RS Contemporâneo seguirá com exposições de Walesca Timmen e Raquel Magalhães. Se esta é a primeira edição a privilegiar somente artistas mulheres, o conceito do projeto, contudo, segue o mesmo – levar ao público a produção de artistas da nova geração gaúcha em exposições assinadas por curadores de fora do Estado. Aqui Tudo É Diferente, de Lívia dos Santos, é organizada por Bitu Cassundé, que trabalha no Museu de Arte Contemporânea do Ceará e é coordenador do Laboratório de Artes Visuais do Porto Iracema das Artes, em Fortaleza. E Presença Sinistra, de Letícia Lopes, tem como curador Marcelo Campos, professor do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Nascida em Vacaria em 1987 e formada em Artes Visuais pela Feevale de Novo Hamburgo, Lívia apresenta trabalhos que partem de uma pesquisa desenvolvida em viagens de trem para Porto Alegre. A artista criou um instrumento de desenho que funciona como um pêndulo – em uma das extremidades, está preso um pincel. Lívia o posiciona sobre o papel, e o desenho – ou pintura – é feito conforme os movimentos no interior do vagão. Ela também escreve sobre a experiência de seus deslocamentos, inspirando-se em cenas, situações e pessoas. Na exposição, estão reunidos desenhos, fotografias, vídeos e os diários com seus escritos.
– Os desenhos são todos criados a partir das oscilações do pêndulo – diz Lívia. – Já os diários eram, até então, coadjuvantes no processo. Aí, o Bitu achou interessante trabalharmos com eles na exposição.
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Já Letícia Lopes traz a público obras resultantes de uma investigação sobre a pintura. Mas não se trata de uma "pintura pura". Nascida em Campo Bom, em 1988, e formada em Artes Visuais pela UFRGS, a artista se vale de imagens de origens diversas e técnicas de recorte e colagem para estruturar obras que colocam em discussão os códigos de representação. Um dos trabalhos apresentados na exposição, por exemplo, é um conjunto composto por 24 telas. Em comum, todas as obras reunidas na mostra têm como ponto de partida um processo de trabalho que não se dissocia do espaço do ateliê:
– É uma investigação sobre a representação e como ela acaba falando dela mesma como linguagem. Nesse processo, a colagem é o aspecto mais importante, que me permite construir outros significados e transcender a representação pela justaposição das imagens. Ao fim, é uma construção tanto pictórica quanto física – comenta Letícia.
RS Contemporâneo
Abertura nesta terça-feira (29/3), às 19h, para convidados. Visitação a partir de quarta-feira (30/3), de terça a sábado, das 10h às 19h, e domingos e feriados, das 13h às 19h. Até 1º de maio. Entrada franca. Santander Cultural (Sete de Setembro, 1.028, na Praça da Alfândega), em Porto Alegre, fone (51) 3287-5500.