Cultura e Lazer

Cinema

Mostra passa em revista 30 anos de cinema brasileiro

Com entrada franca, programação no Espaço Itaú segue até quarta-feira


Fernanda, em um dos clássicos do cinema brasileiro

O cinema brasileiro cumpriu nas últimas três décadas um trepidante ciclo de existência. Da agonia e fim, em 1990, da Embrafilme (estatal responsável pelo fomento e circulação da produção nacional), passando pelo processo da retomada da realização de longas e chegando à atual pujança de lançamentos, esse período está representado na Mostra Itaú Cultural 30 Anos de Cinema Brasileiro, em cartaz com entrada franca em Porto Alegre, na sala 2 do Espaço Itaú (Shopping Bourbon Country – Av. Túlio de Rose, 80). Até quarta-feira, terão sido exibidos 36 títulos de diferentes gêneros representativos de uma filmografia que segue lutando por espaço no circuito comercial.

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Nesta segunda-feira (14), a programação tem início às 14h30min, com Central do Brasil (1998), filme de Walter Salles que obteve aclamação mundial – entre outras distinções, ganhou o Urso de Ouro de melhor filme no Festival de Berlim, com Fernanda Montenegro consagrada com o troféu de melhor atriz – ela também foi indicada ao Oscar.

Na trama, Fernanda vive uma mulher que ganha a vida escrevendo cartas para analfabetos em uma estação de trem do Rio de Janeiro. Em seu caminho, cruza um menino (Vinícius de Oliveira), a quem ajudará a encontrar o pai numa jornada rumo ao interior do Nordeste.

Na sessão das 17h, será exibido o impactante Martírio (2016), documentário no qual Vincent Carelli ilumina um tema historicamente carimbado pelo descaso político: a violência contra os povos indígenas relacionada à demarcação de terras. Especialista no assunto, o diretor passa em revista o processo de marginalização e repressão imposto à etnia guarani-kaiowá no Centro-Oeste do país.

Outro documentário, às 20h, representa um marco do gênero. Em Santiago (2007), o cineasta João Moreira Salles retomou um projeto abandonado na juventude, no qual tinha como personagem o mordomo de sua família, um argentino dono de uma vasta erudição. O reencontro com o antigo serviçal é um narrativamente engenhoso mea-culpa sobre a relação de poder e submissão que pautou essa convivência.

Fechando o dia, às 21h50min, Madame Satã (2002), de Karim Aïnouz, é a cinebiografia de João Francisco dos Santos (1900 – 1976), pernambucano que se tornou lendário na boemia carioca. Negro, homossexual e artista transformista conhecido como Madame Satã, ele teve sua trajetória pontuada pela luta contra a pobreza, a violência e o preconceito. É um dos mais elogiados trabalhos do ator Lázaro Ramos.

Veja abaixo os outros filmes da programação:

Terça:
13h30 – Antônia (2006). O filme de Tata Amaral tem como personagens quatro jovens mulheres negras que vivem na periferia de São Paulo.
15h30 – Baile Perfumado (1997). De Lírio Ferreira e Paulo Caldas, acompanha a jornada de mascate para filmar o cangaceiro Lampião e seu bando.

17h30min – Brava Gente Brasileira (2009). Lúcia Murat destaca o conflito entre índios e colonizadores portugueses no Brasil do século 18.
19h30 – Sábado (1994). Durante filmagem de um comercial, equipe convive em prédio com representantes de uma burguesia decadente. De Ugo Giorgetti.

Quarta-feira:
13h30 – Cartola: Música Para os Olhos (2007). Lírio Ferreira e Hilton Lacerda prestam tributo neste documentário ao compositor de As Rosas não Falam. 15h20 – Bicho de Sete Cabeças (2000). Rodrigo Santoro vive no filme de Laís Bodanzky rapaz internado pelos pais em sanatório.
17h10 – O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006). Cao Hamburger recria o Brasil de 1970 na jornada de um menino entre a euforia pela Copa do Mundo e a tensão política.

19h10 – A Dama do Cine Shanghai (1987). Guilherme de Almeida Prado emula o policial noir na trama em que Antonio Fagundes e Maitê Proença se enredam em mistério e sedução.
21h30 – Alma Corsária (1993). O relacionamento de dois poetas é revisto durante uma festa libertária que promovem para lançar livro.


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13:00 - 15:00