
Os milhares de torcedores reunidos na tarde desta quinta-feira no anfiteatro Pôr do Sol para a primeira Fan Fest de Porto Alegre viveram sua maior explosão de alegria no momento em que o juiz marcou o pênalti que garantiu a virada da Seleção. Houve pulos frenéticos, gritos, cantoria patriótica, abraços generalizados, chuva de cerveja e soar de cornetas (confira no vídeo abaixo).
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Mas também se registraram apupos, caras amarradas e indignação.
- Foi roubado! - revoltou-se um argentino trajado com a camiseta do River Plate e apoiado por um grupo de hermanos.
- Que nada. Foi muito pênalti! - retrucou uma brasileira.
- Não foi! Não foi! - interferiu um uruguaio com o uniforme da Celeste, enquanto fazia com as mãos, diante da câmera do celular de um amigo, o sinal de que o juiz era um rematado gatuno.
Ao redor da cena, em meio aos milhares de brasileiros presentes, misturavam-se australianos, argelinos, chilenos, equatorianos, colombianos, hondurenhos, sul-coreanos, chineses, peruanos, mexicanos, franceses, nigerianos e até mesmo camaroneses. Enquanto o sol se punha no Guaíba de um lado e uma lua cheia majestosa se levantava do outro, o clima de Copa do Mundo fazia sua primeira aparição em Porto Alegre.
Paramentado com camisa e cachecol alusivos a Cristiano Ronaldo, enrolado na bandeira portuguesa e coberto por um chapéu engraçado nas cores nacionais lusitanas, José Carlos Silva, 39 anos, praticava um ritual repetido por muitos dos presentes: vagava de grupo em grupo, procurando gente das mais diversas partes do mundo para confraternizar, tirar fotos e levar um lembrança.
No final da jornada, orgulhava-se da bandeira assinada por torcedores de diversos cantos do mundo. Chegado na quarta-feira da região de Coimbra, o português fez questão de passar por Porto Alegre, antes de percorrer o país para ver os jogos de sua seleção, porque já esteve por aqui nos anos 90.
- Vim porque queria encontrar amigos, mas eles moram em Uruguaiana e Ijuí, e não foi possível vê-los. Fiquei sozinho, mas faço a festa assim mesmo - garantiu.
Quem também se divertia apesar de um contratempo era o hondurenho Rafael Gómez, 48 anos. Na entrada da fan fest, ele foi obrigado a deitar fora a garrafa de rum que trouxera para bebericar com quatro compatriotas. Encantado com tudo, nem deu bola:
- Estou gostando do cenário, das pessoas, da cidade. Aqui se come bem e por pouco dinheiro. Vou voltar gordinho para Tegucigalpa.
Veja imagens da festa na Capital:
Ninguém vencia em animação, contudo, o haitiano Ceide Joanel, 23 anos. Antes de se jogar de joelhos ao chão e gritar "Brasil! Brasil" em resposta a um ataque chocho da Seleção que não entusiasmou mais ninguém, Joanel disse que está aproveitando muito a experiência:
- Perguntam o que vim fazer no Brasil, um país cheio de corrupção. Eu digo que amo o Brasil.
Antes do jogo, uma programação com música regionalista foi apresentada, mas não animou muita gente - os artistas executaram duas vezes o Hino Rio-Grandense e nenhuma vez o Hino Nacional. Enquanto o telão exibia os bombachudos e as prendas que dançavam no palco, dezenas de torcedores se aglomeravam dentro do estande de um patrocinador da Copa para assistir em uma TV à abertura do Mundial. Houve gente que decidiu voltar para o sofá de casa, uma hora e meia antes do jogo, ao descobrir que a cerimônia no Itaquerão não seria exibida no telão.
A festa deslanchou depois de encerrado o show regionalista, quando os alto falantes começaram a emitir sucessos do pop e muitos integrantes do público transformaram o piso de brita ou grama do anfiteatro pôr-do-sol em pista de dança. O único momento de tristeza veio no intervalo da partida, quando foram exibidas cenas de depredação no Centro. Uma grande vaia ecoou à beira do Guaíba.