O Grêmio está excluído da Copa do Brasil, apesar de todos os esforços da direção em campanhas antirracismo e da inocência da esmagadora maioria de sua torcida. É primeira instância. Cabe recurso ao pleno do STJD.
Os auditores fizeram referência aos cânticos contra Fernandão no Gre-Nal, saudando a morte do jogador. E também ao uso do termo "macaco" no jogo seguinte ao do episódio dos insultos contra Aranha, que vieram do espaço da Geral.
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A imprensa cansou de avisar que um dia o Grêmio ia pagar por estas insanidades. Quem as comete deve ter pensado que mais importante é a torcida organizada mostrar sua força, e não as consequências para o clube.
Ou seja: do espaço das organizadas do Grêmio surgiu o argumento para desconstituir o argumento de defesa dos advogados do clube, que mostraram todo o real esforço da gestão Fábio Koff em fazer campanhas contra o racismo e identificar os agressores do goleiro.
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Os auditores, por unanimidade, entenderam que, se no caso Aranha foram meia dúzia, em outros houve coro de intolerância. A reincidência é que condenou o Grêmio, para além da injúria racista ou do racismo propriamente dito, tecnicamente falando.
Menos mal, para o Grêmio, que a eliminação na Copa do Brasil já estava praticamente consumada. Como todo mundo sabe que a instituição não é racista, o que foi sempre ressalvado em escala nacional durante o noticiário sobre o tema, não acredito em "mancha" para o Grêmio.
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Não sou advogado ou homem do lei, apenas um jornalista que milita no meio do futebol e tem experiência nestas questões de organizadas, inclusive já tendo feito reportagens de investigação sobre violência da mesmas na Dupla Gre-Nal.
Por isso tenho a opinião de que, além das punições administrativa (exclusão do quadro social) e criminal (racismo é crime), é importante a punição desportiva pelo caráter educativo.
Vale para Esportivo, Grêmio, Inter, seleção da Eslovênia, Arranca-Toco, Quebra Canela ou Ararigbóia.
A punição é a única maneira de se formar um exército do bem no clube, obrigando os torcedores sadios a expurgarem os que se acham no direito de proferir injúrias racistas.
O recado está dado, e vale para todos os clubes que lidam com facções intolerantes. É preciso ser mais duro e vigilante contra os grupos racistas e violentos. Do contrário, haverá punição. Os torcedores de bem terão de ajudar a identificá-los na hora em que um deles se manifestar, durante o jogo. Que vaiem forte, apontem com o dedo.
O Grêmio de Everaldo, Paulo Lumumba, Aírton Pavilhão e Juarez não merecia, mas a decisão foi tristemente justa.
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*ZH Esportes