
Minha filha tem avô e pai colorados. Ao longo de seus 13 anos, viu conquistas do Inter ao ponto de, no aniversário de 2015, ter pedido um presente que providenciei bem faceira, admito. De toda a infinidade de interesses e objetos de desejo inerentes a uma adolescente, de roupas, maquiagens, celulares e livros (sim, graças a Deus, ela lê), pediu a camiseta oficial. Nestas últimas semanas, Marcella franze a testa e, com uma expressão desalentada – o que é incomum no rosto quase sempre calmo e sorridente –, desabafa: "Viu, mãe? O Inter perdeu de novo." E, pior, incluiu no vocabulário uma até então expressão desconhecida: zona de rebaixamento.
Embora não haja fórmulas para criar os filhos e nem seja a mãe que eu gostaria de ser, a humildade me fez aprender que a melhor maneira de ensinar é partir de uma experiência real e dar exemplo, claro. Não dá para ser fake. Nada de "faça o que eu digo, não faça o que eu faço". Pois, quero muito usar o Inter como exemplo de lidar com a frustração.
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Na lista de situações que mais me preocupo, está ensinar minha filha que o mundo não gira em torno de seus quereres e necessidades. Ok, é o ser que mais amo na vida, procuro alimentá-la em todos os sentidos com tudo de melhor possível e protegê-la-ei com minha vida sempre. Só que ela tem a própria trajetória para construir, sendo crucial, que saiba receber e metabolizar um "não", convertendo-o em um crescimento. Tenho me empenhado muitíssimo para que ela desenvolva inteligência emocional. Afinal, constato com tristeza que o QI puro, aqueles acima de 120, não é garantia de momentos felizes no cotidiano.
Então, torço demais – porque neste caso, só me restar torcer mesmo – para que daqui a algum tempo, e de preferência neste Brasileirão e não em 2017, eu possa usar o Inter como uma referência de sublimação. O sentimento de frustração pela falta de resultado e reação passe ao reconhecimento de uma atitude de humildade, real trabalho em equipe e vontade de guerrear.
Quem luta com ética, tem que vencer. E, atentem, em nenhum momento, me referi à qualidade técnica (ou a falta dela). Até porque Zero Hora tem jornalistas e colunistas muito mais competentes do que eu. O que me incomoda é não ver o caráter brigador e resiliente no colorado. Eu quero que tanto o Inter quanto a minha filha lidem com a frustração, levantem a cabeça e briguem pelas vitórias.
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