Ao ler a coluna De Fora de Área do último dia 28, terça-feira, não concordei com o texto escrito pelo senhor Gustavo Fogaça. Não sei, mas tenho quase certeza que, nem de leve, este senhor participou de algum cargo vital em alguma diretoria de um clube profissional.
Pensando nesta hipótese, que deve ser real tudo o que escreve e o que pensa, não passa de teoria. Já escrevi para este espaço um texto no qual afirmava que dirigir futebol é, sim, para apaixonados e que não é a mesma coisa que dirigir uma empresa. A empresa é matemática, o futebol é paixão.
Só para dar um exemplo: a Fibria, que pertence a um grande conglomerado empresarial, começou a comprar terras na zona sul do Rio Grande do Sul para plantio de mudas de eucaliptos, pois pretendia erguer uma fábrica de celulose nesta região. Ou em Rio Grande ou em Arroio Grande. Assim que começou a crise de 2008, mandou-se de mala e cuia. E assim são todas – é na frieza dos números que determinam o futuro.
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Nos clubes de futebol, ao contrário, quem dá as tintas do futuro é o resultado. Ele é o senhor de tudo, estabelece quem é Deus ou quem é o diabo. No futebol, quando a crise se instala, aumenta-se a despesa. Na empresa, se reduzem os custos. Claro que gestão deve existir. Por isso, clubes contratam executivos.
Outro ponto a ser avaliado, principalmente em grandes clubes: paga-se muito, a ponto de aquela que deveria ser a sua maior receita, o dinheiro que vem do torcedor, nem de leve cobrir os custos do clube. A consequência disso é que sempre há necessidade de se vender uma grande promessa pra fechar as contas.
Promessa esta que não é mais só do clube. Neste meio, estão aqueles, os que ganham em tudo, que são os atravessadores – empresários Fifa e outras nomenclaturas. Olha o Inter, que diz ter mais de 100 mil sócios. Esta legião de torcedores não é suficiente para pagar as despesas.
Por fim, gostaria de ressaltar a cultura dos torcedores. Se o clube vai mal, a mensalidade deixa de ser paga, o associado rasga a carteira social e, não raro, ainda chama o presidente de ladrão. Outras coisas poderiam ser abordadas, mas creio ter arrolado aspectos suficientes para derrubar esta teoria de que o dirigente deva ser profissional e não leigo.
*ZHESPORTES