
Para enfrentar o Rosario Central, na Arena, pelas oitavas de final da Libertadores, a zaga do Grêmio teve Ramiro, Bressan, Fred e Marcelo Oliveira. Em uma das partidas mais importantes da temporada, o time jogou com um volante improvisado na lateral direita e dois zagueiros de qualidades discutíveis. No Beira-Rio, para substituir William, convocado para a Olimpíada, o Inter foi ao Coritiba buscar o veterano Ceará, reserva da equipe paranaense.
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A contratação às pressas se deu porque o clube acabou "surpreendido", percebeu que Paulo Cezar Magalhães, trazido do futebol chileno em dezembro de 2015, era insuficiente. Não bastasse isso, Ceará chegou machucado, e a direção mandou que o zagueiro Eduardo, emprestado ao Náutico, retornasse. Descartado em maio, o jovem voltaria em agosto para ser a solução emergencial da lateral. Esses dois exemplos mostram como foi falho o planejamento de futebol da dupla Gre-Nal em 2016. As duas direções cometeram uma série de equívocos, que justificam a posição dos times neste momento no Brasileiro.
Classificado para a Libertadores, o Grêmio começou o ano priorizando as renovações e falando em reforços pontuais, mas os dirigentes foram lentos e contrataram muito mal. No Atlético-PR, buscou o contestado zagueiro Kadu, que após duas atuações bisonhas no Gauchão foi mandado embora. Também para a defesa chegou Fred, jogador de quase 30 anos que se destacou por marcar gols de falta no rebaixado Goiás. Wallace Oliveira, até hoje no grupo, mostrouse uma enganação. Bolaños, o reforço mais festejado, nunca mostrou estar comprometido com as ambições do clube. Nem vou falar em Negueba, que está mais para paciente do departamento médico do que para atleta.
No Inter, os erros de avaliações e critérios também se acumularam. Além de Paulo Cezar Magalhães, a contratação de Leandro Almeida, encostado no Palmeiras, é quase incompreensível. Apostar em três volantes de times médios, Fabinho, Bob e Anselmo, foi um exagero. Os melhores nomes, Seijas e Nico López, chegaram muito tarde. Nico, antes de vir, chegou a declarar que gostaria de ter ficado no Nacional-URU.
Sei que a Dupla tem bons observadores e analistas de desempenho, mas acredito que eles não estejam sendo consultados antes da busca por reforços e na montagem dos grupos. Olhando de fora, me parece faltar para Grêmio e Inter diretores-executivos modernos, que respirem futebol 24 horas por dia e tenham amplo conhecimento do tema. Em resumo, profissionais que não fiquem reféns das ofertas de empresários. E carece a Dupla, acima de tudo, de planejamento. Depois, não adianta reclamar de mais um ano sem título e de luta contra o rebaixamento.
*ZHESPORTES