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Veja 10 perguntas e respostas sobre o acidente com o avião da Chapecoense

Tire dúvidas sobre as circunstâncias da queda da aeronave

André Baibich

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O que causou a queda do avião da Chapecoense? Havia autonomia para o avião chegar ao destino? Respondemos a essas e mais oito perguntas sobre o acidente. Confira.

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1) A decisão da Anac de não permitir a saída do voo da Lamia de São Paulo influiu no acidente?

O plano inicial de viagem da delegação da Chapecoense previa sair de São Paulo para Medellín, mas a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) não permitiu a viagem, em respeito a uma norma da entidade que é seguida, também, em outros países.

A LaMia é boliviana, e a regra determina que, para voos fretados, apenas empresas do país de destino ou de origem possam operar. Ou seja, o trecho só poderia ser cumprido por uma companhia brasileira ou colombiana.

– Esta questão não tem nenhuma influência. É uma regra conhecida, definida pela Convenção de Chicago (Convenção de Avião Civil Internacional). A Anac apenas cumpriu – destaca Cláudio Scherer, professor de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e comandante de aviação comercial aposentado.

2) Faltou combustível para completar o voo?

Foi confirmado na quarta-feira que o avião que transportava a delegação da Chapecoense a Medellín estava sem combustível quando caiu na Colômbia. Fredy Bonilla, secretário de Segurança da Aeronáutica Civil da Colômbia, afirmou em coletiva de imprensa que esse fato pode ter provocado uma "pane seca", levando a aeronave a cair.

– Podemos afirmar claramente que o avião não tinha combustível no momento do impacto. Uma das hipóteses com que trabalhamos é que como o aeronave não tinha combustível, os motores se apagaram e houve pane elétrica – disse Fredy Bonilla.

3) Havia autonomia de voo suficiente para completar a viagem?

Não, já que foi confirmado o combustível insuficiente. A autonomia de viagem da aeronave, de acordo com o fabricante, é de cerca de 3000km, e a distância entre Santa Cruz de la Sierra e Medellín é de 2.960km.

– A autonomia legal para qualquer voo, nessa categoria de transporte, é o tempo de origem para o destino, mais combustível suficiente para ir até um aerporto alternativo, mais 45 minutos de reserva – diz Scherer.

4) Qual o histórico da empresa LaMia?

Fundada na Venezuela em 2009, e empresa era beneficiada por um fundo para o desenvolvimento do turismo local. Em 2014, pediu autorização para operar na Bolívia como "operador de pequeno porte".

Desde então, o transporte de times de futebol tem sido a principal atividade da companhia, que contava, até o acidente, com duas aeronaves. As seleções da Argentina e Bolívia já utilizaram os serviços da empresa.

– Os jogadores argentinos vêm se queixando há algum tempo desta empresa, não queriam viajar mais nesses aviões. Não houve uma queixa pública, mas internamente os jogadores deixaram claro que não gostavam de viajar com essa empresa – contou, ao jornal o Globo, o jornalista argentino Hernán Castillo, do canal de TV Todo Notícias.

Nesta quinta-feira, a Direção Geral de Aeronáutica Civil da Bolívia suspendeu a licença de voo da LaMia.

5) Houve pane elétrica?

No áudio com o suposto diálogo entre o piloto e a controladora de voo, Quiroga relata, além do problema de combustível, "falha elétrica total".

Scherer explica que um problema pode ter causado o outro, já que os geradores são alimentados pelo motor. Se o motor parar por falta de combustível, pode resultar em pane elétrica.

6) Houve falha humana?

O mais forte indício de falha humana é o do planejamento do voo. Com a falta de combustível confirmada, fica em questão a decisão do comandante de não fazer uma parada para reabastecimento.

Quanto à condução da aeronave após o esvaziamento do combustível e a falha elétrica, especialistas destacam que seria possível fazê-lo "planar", mesmo com os motores desligados, até o aeroporto.

– Há uma bússola na cabine que não depende de energia elétrica. Em teoria, seria botar a proa à norte e ir em direção ao aeroporto. A questão é que, em uma situação assim, se não tiveres um foco específico no que vais fazer, podes perder a orientação espacial – pondera Scherer.

7) Os áudios que circulam pelo WhatsApp são verdadeiros?

Apenas duas gravações de áudio que fornecem mais detalhes sobre o acidente foram amplamente veiculadas por meios de comunicação da Colômbia e do Brasil. Em uma, um copiloto da Avianca, Juan Sebastián Upegui, que estava em um voo que também se aproximava de Medellín na noite do acidente, relata ter ouvido a conversa entre o piloto da LaMia e a controladora de voo. O outro áudio é o do próprio diálogo entre o piloto e a controladora, divulgado na tarde de terça-feira.

8) Quem é responsável pelas investigações do acidente? Elas estão em curso?

As investigações estão em curso e são conduzidas pela Aeronáutica Civil da Colômbia. O Brasil já ofereceu ajuda de seu órgão especializado na investigação de acidentes aéreos, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), do Comando da Aeronáutica.

Há, também, uma investigação conduzida pela Procuradoria-Geral da Colômbia.

O jornal boliviano "El Deber" teve acesso ao relatório da Agência de Aviação da Bolívia sobre o plano de voo que levava a delegação da Chapecoense. Segundo a reportagem publicada nesta quinta-feira, uma oficial da agência, identificada como Celia Castedo Monasterio, questionou o plano. Ela destacou que não havia combustível suficiente e que a operação não previa possíveis atrasos. Tudo reforça a principal suspeita para a tragédia: pane seca.

As duas caixas-pretas do avião serão levadas para a Inglaterra. Segundo informações da Globo News, os objetos do avião britânico serão examinados pelo órgão oficial do país.

9) Qual a influência do mau tempo no acidente?

O percurso realizado sob mau tempo pode fazer com que o avião gaste mais combustível, já que, com alguma frequência, tem de desviar de nuvens mais pesadas e, com isso, aumentar o tempo de viagem. Scherer, porém, duvida que a chuva forte tenha tanta influência sobre o acidente.

– Isso atrasa, no máximo, seis minutos em um voo de quatro horas. Nada relevante. Se o voo está bem planejado, com combustível suficiente para o aeroporto alternativo e a reserva de 45 minutos, não há problema.

10) Qual o histórico do avião que se acidentou?

A aeronave que se acidentou é do modelo Avro RJ 85, antes batizado de BAe-146, que deixou de ser fabricado em 2001. O exemplar que caiu próximo de Medellín foi construído em 1999.

– Era uma aeronave, com asa alta e quatro turbinas. Os aparelhos mais novos têm duas turbinas, os motores são mais potentes – destacou Ivan Sant'Anna, estudioso e autor de livros sobre acidentes aéreos, em entrevista ao Globo.

Ainda de acordo com levantamento do Globo, 387 aviões BAe foram construídos no total. Destes, 30 se envolveram em acidentes, sendo que sete com vítimas fatais.

* ZH Esportes

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