
Nesse momento de rebaixamento, surgem diversas opiniões sobre as causas do fracasso e potenciais soluções. O problema é que, se as causas forem erroneamente identificadas, as soluções não funcionarão. Para saber o que fazer, é oportuno entender a diferença entre correlação e causalidade, um pouco de ciência, ou vamos ficar no papo de boteco.
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Correlação é aquilo que vemos em um fenômeno, mas não o que o causa. O galo canta antes do sol nascer, mas não é pelo cantar do galo que o sol nasce. Causalidade é o que explica o fenômeno do por que o sol nasce todo dia. E o Inter com isso?
Emergiu no clube a hipótese de que conquistas são produto da pacificação. Será? É fácil testar essa hipótese. Analisei times campeões em anos recentes. Estavam politicamente pacificados? Barcelona, Corinthians, Bayern, Flamengo e outros foram campeões com grandes divergências políticas. Outra forma de testar a hipótese é verificar se alguém, pacificado, perdeu. O próprio Inter serve como teste. Nos últimos dois anos, em função da maioria absoluta no Conselho Deliberativo, a gestão teve paz e, mesmo assim, fomos rebaixados.
A queda começou com a ruptura inadequada com o técnico Abel. Teve sequencia com contratações que "racharam" o grupo e não o qualificaram. Acentuou-se com o "fato novo" e a manutenção do técnico e direção de futebol insuficientes para 2016. Pior: acreditou-se na ideia de um grupo jovem, emprestando D'Alessandro. Mesmo a convocação do maior presidente da história do clube, com quase um turno pela frente, não foi suficiente. Com a Swat, veio o pedido de mais paz. O desempenho piorou.
Durante os últimos meses, o que mais tivemos foi apoio interno e da torcida. O que nunca tivemos foram boas decisões. Técnico ultrapassado, brigas entre jogadores e modelo de jogo defasado. A bola pune a indisciplina gerencial. O futebol é um jogo complexo. É um business sofisticado, com exposição de mídia, alta competitividade e incerteza. Não há garantia de que quem ganhou no passado, vá ganhar no futuro.
O que aumenta a chance de vitórias é um bom time. Uma boa equipe depende de jogadores qualificados, entrosados e treinados por um técnico competente. E a pacificação? Quem sabe seja
consequência das vitórias. A gestão tomou uma gama de decisões equivocadas por falta do contraditório.
A pacificação não é o elemento causal dos títulos, e sua ausência não é a razão das derrotas. Ter paz é bom, mas não é suficiente. Sem entender as causas, não tomaremos decisões acertadas nem executaremos soluções eficazes que nos levem ao topo. Um pouco de ciência é preciso, mesmo no futebol.
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