Na tarefa diária de tatear números e indicadores tentando decifrar o rumo da economia, a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) divulgou nesta quinta-feira sondagem que interpreta como um sinal de arrefecimento da crise. São dados que permitiriam esperar melhora pelo lado da demanda nos próximos meses.
A produção caiu, mas foi a menor queda para junho desde 2010. Ao mesmo tempo, permanece a toada de corte de empregos, mas num ritmo igual ao de maio e abaixo do mesmo mês dos dois anos anteriores. Seria a curva começando a mudar a inclinação, assim como já foi observado com os indicadores de confiança, mais baseados nas expectativas do que no quadro real da economia.
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A sondagem da Fiergs também mostra que a expectativa dos empresários para o segundo semestre é a maior em 22 meses. Esperam ter de demitir menos, há queda nos estoques, e a capacidade instalada ociosa indica que, caso a demanda realmente reaja, será possível elevar a produção sem grandes custos.
O presidente da Fiergs, Heitor José Müller, lembra que a discussão em torno da economia mudou, embora ninguém projete um 2017 espetacular e a esperada recuperação ainda precise ser confirmada. Até há pouco, se debatia qual seria a queda do PIB em 2016.
– Agora estamos discutindo quanto o Brasil vai crescer em 2017, mesmo que seja pouco – observa o industrial, apontando desaceleração da inflação e melhora de indicadores de confiança de consumidores como molas do otimismo ainda recatado.
Os números que saem diariamente despertam sentimentos mistos. Uns passam esperança, como a perda de fôlego da inflação pelo IGP-M, divulgado nesta quinta-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e usado na correção dos alugueis, que teve alta de 0,18% em julho, após avançar 1,69% no mês anterior. Outros são desanimadores, como a destruição revelada na quarta-feira pelo Ministério do Trabalho de 91 mil vagas no país no mês passado, quase o dobro do esperado. Nesta quinta-feira, a arrecadação do governo federal veio com o pior desempenho para junho desde 2010.
A FGV apresenta nesta sexta-feira as sondagens de julho dos setores industriais e de serviços do país. São dois indicadores que ajudam a enxergar melhor como podem ser os próximos meses na economia.
*A colunista Marta Sfredo está em férias