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Paleontologia

Fósseis descobertos no RS chamam atenção pelo estado de conservação

Vestígios de um sauropodomorfo e de um antepassado dos dinos foram encontrados por paleontólogos em São João de Polêsine

Guilherme Justino

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Réplica de uma das espécies descobertas no Rio Grande do Sul, o Buriolestes schultzi, um pequeno dinossauro carnívoro

Dois fósseis descobertos em São João de Polêsine, na região central do Estado, podem ajudar pesquisadores a entender melhor detalhes sobre a origem dos dinossauros. Encontrados em 2009 e apresentados nesta tarde por pesquisadores da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) em Canoas e da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, os achados paleontológicos de aproximadamente 230 milhões de anos – datando do período Triássico – chamam atenção pelo bom estado de conservação.

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Os esqueletos de um dinossauro carnívoro e de um animal menor, de um grupo de répteis bípedes chamado de lagerpetídeos, foram encontrados juntos. O maior dos fósseis, o Buriolestes schultzi, tinha os ossos e dentes praticamente intocados, conforme os cientistas. Já o Ixalerpeton polesinensis teve descobertas partes do crânio, quase toda a coluna vertebral e parte da cauda.

– Um material dessa qualidade raramente é encontrado. Normalmente se encontra uma vértebra, uma falange... raramente é um esqueleto assim, articulado. Podemos dizer que é um dos achados mais bem conservados desse período no mundo – explica o paleontólogo Sergio Furtado Cabreira, da Ulbra.

Segundo Cabreira, a preservação dos esqueletos revela detalhes ósseos importantes para se compreender melhor a anatomia ancestral dos dinossauros. A descoberta reforça a ideia de que os dinossauros surgiram mais ou menos na mesma época em que outros tipos de répteis passaram a habitar a Terra. A pesquisa sugere ainda que o ancestral de todos os dinossauros seria, assim como o Ixalerpeton polesinensis, um animal pequeno e carnívoro.

– Com esse material é possível dizer que os dinossauros e seus precursores viveram lado a lado, e que a ascensão dos dinossauros foi mais gradual, não uma rápida explosão de diversidade, levando outros animais da época à extinção – informou o paleontólogo Max Langer, da Universidade de São Paulo (USP), um dos coordenadores do estudo.

As descobertas foram publicadas na revista científica Current Biology e apresentadas por alguns dos profissionais envolvidos na Ulbra em Canoas. Os nomes dos fósseis são uma forma de homenagear um paleontólogo gaúcho e a cidade onde foram feitas as descobertas. Buriolestes schultzi é uma referência ao dono do sítio onde o fóssil foi descoberto e ao paleontólogo gaúcho César Leandro Schultz. Já Ixalerpeton polesinensis homenageia São João do Polêsine, município onde também esse fóssil foi encontrado.


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