Economia

Seu bolso

Realizar o sonho da casa própria exige planejamento

Ter um teto para chamar de seu é o projeto de muitas pessoas, mas é preciso tomar cuidado para não cometer equívocos

Erik Farina

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Imóveis de luxo: conheça uma das casas mais caras de Porto Alegre:

Diego Vara / Agencia RBS
Pesquisa mostra que a casa própria é a principal aspiração de um terço dos brasileiros

Talvez seja em razão dos sucessivos e inesperados planos econômicos, que tantas vezes deixaram sem chão os brasileiros. Quem sabe a busca por um porto seguro para se proteger da inflação, ou o medo de perder o emprego e não ter como pagar o aluguel. O fato é que a casa própria se mantém intacta no topo da lista de desejos dos brasileiros - uma a cada três pessoas tem como maior aspiração um imóvel para chamar de seu, conforme pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito.

O galope dos preços nos últimos anos tornou esse sonho mais distante. Ficou difícil fazer o dinheiro crescer na mesma velocidade que a valorização das casas e dos apartamentos. Em Porto Alegre, o valor dos imóveis novos e usados subiu 14% no ano passado, mais que o dobro da inflação, conforme o índice da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e do site Zap (FipeZap).

Quem tinha aplicações em poupança, fundos e CDBs, alternativas mais comuns dos poupadores, não conseguiu acompanhar essa alta - em uma estimativa generosa, esses investimentos se valorizaram 8%. Em contraste à fartura do crédito imobiliário, que chegou a R$ 109,2 bilhões em 2013 no país, encontrar a casa própria passou a depender ainda mais de planejamento financeiro, negociações com imobiliárias e comparações com outros gastos.

- Pouca gente planeja a compra do imóvel, e acaba fazendo negócios ruins. Isso arruína possibilidades de carreira e prosperidade - afirma Gustavo Cerbasi, educador financeiro e autor de livros como Casais Inteligentes Enriquecem Juntos.

Em uma análise meramente financeira, a compra de um imóvel nem sempre é a melhor opção, se comparada com aluguéis ou temporadas mais longas morando com os pais. Casais limpam suas poupanças e assumem um financiamento por décadas, enquanto poderiam viver do rendimento de suas economias. A mesma regra vale para famílias que planejam trocar apartamentos mais simples pelo conforto de uma cobertura ou o espaço de uma casa, abrindo novo financiamento.

- Uma pessoa pode trocar o aluguel de um imóvel de 100metros quadrados a poucas quadras do trabalho pelo financiamento de um imóvel de 50metros quadrados em um bairro distante, pagando mais caro. Vale a pena? - questiona Samy Dana, especialista em finanças pessoais da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP).

Não existe resposta certa ou errada, apenas formas diferentes de pensar e agir, avalia Álvaro Modernel, gaúcho radicado em Brasília, onde presta consultoria financeira. Isso porque dinheiro não é o único elemento a ser considerado na compra do primeiro lar.

- Um imóvel envolve sensações como tranquilidade e segurança, além de dar autonomia para fazer modificações que se ache necessárias. É a concretização da prosperidade - afirma.

Modernel faz a metáfora de alguém que esteja na beira da praia, num dia de calor, e compra uma cerveja geladinha por R$ 5. Claro que sai mais barato comprar por R$ 2 em um supermercado e deixar em um isopor gelando. Mas o prazer e a conveniência podem compensar a diferença.

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