Ligações na noite de sexta-feira cobrando dívidas atrasadas ou o insistente envio de torpedos por empresas de cobranças estão saindo de cena. Bombardeadas por processos judiciais e interessadas em melhorar os índices de recuperação de pagamentos atrasados - atualmente em torno de 30% -, credores e cobradores terceirizados têm adotado um tom mais amistoso na hora de interpelar os inadimplentes.
Uso de termos ofensivos, ameaças ou o hábito de deixar recado com familiares ou colegas de trabalho, causando constrangimento, têm dado lugar a tentativas de negociação, considerando as reais condições de pagamento, conforme órgãos de defesa do consumidor.
- Não há mais aquela visão de que alguém deve porque é mau cliente. Muitas vezes o consumidor se perde nas parcelas e sacrifica algum pagamento - analisa Rover Nunes, coordenador de cobrança da Boomerang, serviço de recuperação de crédito da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre.
Os consultores são orientados a conversar com o devedor, entender sua situação financeira e então apresentar opções.
- Não adiante usar truculência. É preciso ter em mente que talvez o cliente não deva só para mim, então é preciso ver até que ponto ele realmente conseguirá pagar e em quais condições - afirma Nunes.