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Síria

Bombardeios deixam 128 mortos em Aleppo após ofensiva do exército

Em Nova York, Grã-Bretanha, França e Estados Unidos criticaram a Rússia em uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU

AFP

Um homem sírio passa por um ônibus incendiado após um ataque aéreo no distrito de Salaheddin

Pela quarta noite consecutiva, as bombas voltaram a atingir o leste de Aleppo, segunda maior cidade síria, controlada pelos rebeldes desde 2012. Segundo a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), o balanço de mortos subiu a 128 desde quinta-feira à noite, quando o exército sírio anunciou uma ofensiva para reconquistar a cidade. A maioria das vítimas eram civis.

Os aviões russos e do regime realizaram "dezenas de ataques" a partir da meia-noite, de acordo com o OSDH. Ao amanhecer, os bombardeios se intensificaram e provocaram incêndios.

Entre os mortos estão 20 crianças e nove mulheres. Além disso, 36 civis morreram nas zonas rurais da província de Aleppo e 400 pessoas ficaram feridas em toda a província.

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"Esgotados"

Os quase 250 mil habitantes dos bairros rebeldes de Aleppo não recebem ajuda externa há dois meses. Desde os bombardeios de sábado, a população não tem água, de acordo com o Unicef.

– Os hospitais se encontram sob forte pressão com o número elevado de feridos e a falta de sangue disponível, além da ausência de cirurgiões especializados em transfusões. Por isto, as pessoas gravemente feridas são imediatamente amputadas – afirmou uma fonte médica à AFP.

Segundo o médico Abu Rajab, da ONG Save the Children, metade dos pacientes nos hospitais são crianças.

– Os pacientes são colocados no chão e as equipes médicas trabalham no limite da resistência humana – contou o médico Abu Rajab, da ONG Save the Children.

A AFP constatou que o preço de sete porções de pão árabe passou de 350 libras sírias (70 centavos de dólar) na semana passada, antes da ofensiva, para 500 libras sírias (um dólar).

– Agora comemos apenas uma vez por dia. Meus filhos e eu não conseguimos acabar com nossa fome há duas semanas – conta Hassan Yasin

Tensão entre Rússia e Ocidente

Em Nova York, as potências ocidentais criticaram a Rússia no domingo em uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU, com acusações diretas a respeito da ofensiva contra Aleppo.

– O que a Rússia apoia e faz não é luta antiterrorista, é barbárie – disse a embaixadora americana Samantha Power.

O Kremlin respondeu nesta segunda-feira e criticou "o tom e a retórica inadmissíveis" dos Estados Unidos e do Reino Unido.

– Consideramos o tom e a retórica dos representantes do Reino Unido e Estados Unidos inadmissíveis e, inclusive, suscetíveis de prejudicar nossas relações – disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

O embaixador britânico Matthew Rycroft citou a possibilidade de levar a questão ao Tribunal Penal Internacional, competente para os crimes de guera. A última tentativa do Conselho de Segurança esbarrou no veto da Rússia.

No atual contexto, o apelo do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para "acabar com o pesadelo" na Síria tem poucas possibilidades de ser ouvido esta semana.

O conflito sírio provocou mais de 300 mil mortes desde 2011, segundo o OSDH, e resultou na maior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial.


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