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Lenín Boltaire Moreno Garcés, administrador de 64 anos que foi vice-presidente do bolivariano Rafael Correa, governará o Equador pelos próximos quatro anos, de acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Com 98,09% das urnas apuradas, o socialista obteve 51,14% dos votos. O empresário conservador Guillermo Lasso ficou com 48,86% e denunciou fraude. O CNE afirmou que a vitória governista era irreversível, a partir de uma projeção sobre as atas de votação.
– Isto apenas começa. Daqui para a frente todos a trabalhas pelo país, por nosso amado Equador. O faremos em paz e harmonia – afirmou Moreno.
No fim da noite, sem que a apuração das urnas tivesse terminado, Lasso anunciou que nesta segunda-feira vai pedir a impugnação de todos os votos e uma segunda contagem. Ele disse ter provas de que houve fraude e pediu aos seus simpatizantes que façam uma vigília, para "evitar que se instale um governo ilegítimo no Equador".
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Enquanto partidários de Lasso convocavam uma "paralisação geral cívica", o presidente Rafael Correa comemorava a vitória de seu candidato.
– A revolução voltou a triunfar no Equador. A direita derrotada, apesar de seus milhões e sua imprensa – escreveu Correa em sua conta oficial no Twitter.
CLIMA DE TENSÃO
Mal terminou a votação, milhares de partidários de Moreno e Lasso foram até a porta do CNE para esperar os resultados. Pela primeira vez, em uma década, foi necessário o segundo turno para definir quem presidirá o Equador. Durante uma década, o cargo tem sido ocupado pelo economista Rafael Correa, que em maio conclui seu terceiro e último mandato consecutivo.
A votação deste domingo – assim como o primeiro turno em fevereiro – foi acirrada. Na reta final, a campanha foi marcada pela troca de acusações e a polarização. O administrador cadeirante Moreno prometeu continuar a "Revolução Cidadã" e ampliar os planos sociais de Correa, de quem foi vice-presidente.
O ex-banqueiro conservador Lasso se postulou como o candidato da mudança e propôs reduzir impostos. As últimas pesquisas de opinião, publicadas antes da eleição, previam "empate técnico" – por isso foi feito um chamado à população para esperar os resultados oficiais.
O primeiro boletim do CNE estava previsto para às 20h (22h em Brasília), mas Moreno se antecipou, depois que o instituto Cedatos publicou uma pesquisa de boca de urna dando a vitória, com 53.02% dos votos, ao candidato opositor. Ele acusou Lasso de manipular os dados, para instalar a suspeita de fraude, e ao anunciar a própria vitória, fez um discurso sobre o seu programa de governo.
Lasso não aceitou a derrota, citando três pesquisas de boca de urna que asseguravam sua vitória. O oposicionista acrescentou que tem provas de irregularidades em algumas urnas e pediu aos seus simpatizantes que virassem a noite, para acompanhar a contagem de votos até o fim. Ele disse que telefonou para o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, para informar sobre a situação.
*AFP