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A menos de duas semanas das eleições presidenciais na França, o candidato da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, registra um avanço considerável nas pesquisas e se aproxima dos favoritos, a candidata da extrema-direita Marine Le Pen e o centrista Emmanuel Macron.
Mélenchon, candidato do partido França Insubmissa, subiu seis pontos nas últimas três semanas e aparece em terceiro lugar, com 18% das intenções de voto, superando pela primeira vez o conservador François Fillon (17%), abalado por um escândalo de corrupção, de acordo com uma pesquisa KANTAR Sofres-Onepoint.
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Le Pen, estimulada pelo Brexit e a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, e Macron, 39 anos e ex-ministro do governo do presidente François Hollande, permanecem como os candidatos em melhor posição para o primeiro turno, que acontecerá em 23 de abril. Ambos têm 24% das intenções de voto, o que significa uma queda de dois pontos para cada um na comparação com a pesquisa anterior.
No domingo, Mélenchon celebrou o "novo entusiasmo" ao redor de sua campanha. O candidato de 65 anos participa pela segunda vez de uma eleição presidencial. Em 2012, ele ficou em quarto lugar, com 11,1% dos votos.
Com o apoio do Partido Comunista, Mélenchon, admirador dos governos latino-americanos de inspiração bolivariana, propõe um programa anticapitalista com o que chama de "revolução cidadã". Seu programa inclui ainda a ruptura com os tratados da Europa "liberal", a saída da Otan, o aumento do salário mínimo e a aposentadoria aos 60 anos.
Apesar da convergência de ideias com o candidato socialista, Benoît Hamon, Mélenchon se negou a formar uma aliança com o candidato oficial do partido governista, que nas últimas semanas caiu nas pesquisas e agora registra menos de 10% das intenções de voto. Os outros seis candidatos à presidência francesa têm menos de 5% das intenções de voto.
As eleições presidenciais, com primeiro turno em 23 de abril e segundo turno em 7 de maio, são consideradas as mais incertas da história recente da França. Um em cada três eleitores se declara indeciso ou afirma que pode mudar de candidato.
A indecisão recorde complica o trabalho dos institutos de pesquisas, observados com muito cuidado após a incapacidade dos institutos americanos e britânicos de prever a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e o voto a favor da saída do Reino Unido da União Europeia.
*AFP