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O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos pediu, nesta segunda-feira (11), uma investigação internacional sobre o uso excessivo da força pelas autoridades da Venezuela, por considerar que podem constituir "crimes contra a humanidade".
— Minha investigação sugere a possibilidade de que tenham sido cometidos crimes contra a humanidade. Peço ao Conselho (de Direitos Humanos da ONU) que inicie uma investigação internacional sobre as violações dos direitos humanos na Venezuela — afirmou Zeid Ra'ad Al Hussein na abertura, em Genebra, da 36ª sessão da instituição.
De acordo com o Alto Comissário existe um "perigo real" de uma "escalada de tensões" e ações do governo venezuelano, comandado pelo presidente Nicolás Maduro, contra "instituições democráticas e vozes críticas", por meio de "procedimentos judiciais contra líderes da oposição, o recurso a detenções arbitrárias, o uso excessivo da força e maus-tratos aos detentos, o que em alguns casos se assemelha à tortura".
— No mês passado, meu escritório divulgou um relatório sobre a Venezuela, destacando o excessivo uso da força por parte de oficiais de segurança, assim como outras múltiplas violações dos direitos no contexto dos protestos contra o governo — completou Zeid Ra'ad Al Hussein.
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A Venezuela enfrenta uma grave crise política, econômica e institucional. Os confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes antigovernamentais deixaram 125 mortos entre abril e julho.
Zeid destacou ainda que a Venezuela é atualmente um dos 47 Estados membros do Conselho de Direitos Humanos e tem, portanto, o dever de defender e promover os direitos humanos.
No relatório publicado em agosto, o Alto Comissário afirmou que existe na Venezuela "uma erosão da vida democrática" no país, que "apenas está viva, se ainda estiver viva".
As autoridades venezuelanas rejeitaram a entrada no país dos investigadores da ONU, o que levou Zeid a solicitar a uma equipe de especialistas em direitos humanos que entrevistasse à distância 135 vítimas e suas famílias, assim como testemunhas, jornalistas, advogados, médicos e membros do escritório da Procuradoria Geral.