Política

Combate à corrupção

Citando "escândalo", ONU diz que corrupção ameaça democracia no Brasil

Zeid Al Hussein, número 1 em direitos humanos na ONU, afirmou que a corrupção "viola o direito de milhões de pessoas"

Estadão Conteúdo

Zeid Ra'ad Al Hussein, Nações Unidas, ONU
Número 1 em direitos humanos na ONU, Zeid Al Hussein

O "escândalo" de corrupção no Brasil revela como ela está profundamente enraizada em "todos os níveis de governo". O alerta é do alto comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos, Zeid Al Hussein. Em discurso nesta segunda-feira (11), ele afirmou que o desvio de recursos públicos ameaça a democracia.

O Brasil foi um dos 40 países citados por Zeid ao abrir os trabalhos do Conselho de Direitos Humanos da ONU por conta de diversas violações. A menção ao Brasil foi feita no contexto da corrupção e seus impactos.

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— A corrupção viola o direito de milhões de pessoas pelo mundo, ao roubar deles o que deveria ser um bem comum e impedindo direitos fundamentais como saúde, educação ou acesso à Justiça (...) Recentes escândalos de corrupção, incluindo sérias alegações com altos funcionários do Brasil e de Honduras, mostram como a corrupção está profundamente enraizada em todos os níveis de governo em muitos países das Américas, muitas vezes ligados ao crime organizado e tráfico de drogas — declarou Zeid.

O alto comissário da ONU ressaltou que a corrupção "mina as instituições democráticas" e promove "erosão da confiança pública". 

— Progresso para destapar, processar a corrupção em todos os níveis de governo é um passo essencial para garantir respeito pelos direitos dos povos, incluindo a Justiça — apelou Zeid.

O governo brasileiro, presente na sala do Conselho de Direitos Humanos no momento do discurso, deve dar uma resposta na terça-feira (12), quando governos terão a possibilidade de reagir aos comentários do número 1 da ONU para Direitos Humanos.

Em fevereiro, ao reassumir o assento no Conselho de Direitos Humanos da ONU, o governo brasileiro fez questão de declarar que suas instituições estão funcionando e que tem como um dos seus objetivos lutar contra a corrupção.

Por um ano, por opção do governo de Dilma Rousseff, o Brasil se manteve fora do Conselho da ONU. Mas decidiu por voltar no final do ano passado e, em fevereiro, reassumiu seu posto por dois anos.

No primeiro discurso da ministra de Direitos Humanos, Luislinda Valois, a Justiça e o tema da corrupção foram tocados. 

— Depois de um processo político difícil, o Brasil se levanta para mostrar ao mundo a robustez de nossas instituições, nosso apego à lei e à Justiça e, acima de tudo, o caráter aberto e democrático de nossa sociedade e de nosso sistema político (...) Hoje, como sempre, perseveramos no combate contra a corrupção, com o pleno empenho do poder público e total respeito ao devido processo legal e às garantias individuais preconizadas na Carta Magna Brasileira — afirmou.

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