
O presidente da França, Emmanuel Macron, enfrenta, nesta terça-feira (12), o primeiro dia de manifestações contra a reforma trabalhista no país. Com a popularidade em queda, o centrista terá pela frente o desafio de modificar a legislação do Trabalho na segunda maior economia europeia.
Mais de 180 protestos estão previstos em toda a França contra o projeto que pretende flexibilizar o mercado de trabalho. A proposta é considerada fundamental pelo governo Macron, que justifica a medida para combater o desemprego no país — atualmente, a taxa de desocupação chega a 10%.
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O sindicato CGT anunciou greves na empresa ferroviária pública (SNCF), na companhia aérea Air France, nas refinarias, no setor energético e entre os funcionários públicos. Macron, no entanto, não deverá recuar da reforma, umas das promessas de campanha.
Em um discurso na sexta-feira (8), ele reiterou a "determinação absoluta" de levar adianta a proposta e advertiu que não cederá nada aos "preguiçosos, cínicos ou extremistas".
"Imbecis, cínicos, preguiçosos... Todos às ruas!", respondeu imediatamente no Twitter o líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, que se tornou o principal opositor a Macron.
Para Bruno Cautrès, do centro de estudos políticos Cevipof, Emmanuel Macron "está jogando lenha na fogueira" e pode agravar o cenário.
Primeiro grande desafio de seu mandato, a reforma trabalhista de Macron pretende reforçar o papel negociador das empresas sobre as condições de trabalho e limitar as indenizações por demissão sem justa causa.
Para impor as mudanças, Macron optou pelo método acelerado de decretos, com o objetivo de evitar um longo processo de debate legislativo.
Os cinco decretos serão apresentados ao Parlamento para aprovação até o fim de 2017. A Câmara dos Deputados, onde Macron tem ampla maioria, não pode apresentar emendas a seu conteúdo: pode apenas aprovar ou rejeitar o texto.
A meta de Macron é dar mais flexibilidade às empresas para estimular as contratações e frear o desemprego, que afeta 9,5% da população ativa na França, contra a média de 7,8% na Europa.