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O número de mortos pelo terremoto de 8,2 graus no México, na última quinta-feira (7), subiu para 96 nesta segunda-feira (11) após a confirmação de novas vítimas no Estado de Oaxaca. O fenômeno geológico foi o mais intenso a atingir o país em cem anos.
Eduardo Sánchez, porta-voz da presidência do México, confirmou o novo balanço, depois que o governador de Oaxaca informou na televisão local sobre as novas vítimas no Estado. Sánchez também confirmou que o presidente Enrique Peña Nieto viajará nesta segunda-feira para a zona afetada para supervisionar a entrega de ajuda.
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O governo afirmou que as tarefas de emergência prosseguem, com a distribuição de dezenas de milhares de pacotes de alimentos, mantimentos, leite, cobertores, entro outros, nas zonas afetadas, principalmente Chiapas e Oaxaca.
Muitos moradores, no entanto, que viram as suas casas serem reduzidas a escombros ou prestes a desabar, estão desesperados e reclamam da lentidão da ajuda.
— Continuamos sem água e sem luz, dormimos com as crianças do lado de fora, ninguém veio nos ajudar — afirma María de los Ángeles Orozco, mãe de uma das muitas famílias que perdeu a casa e que agora vive nas ruas de Juchitán, no Estado de Oaxaca, com 100 mil habitantes, convertida em epicentro da tragédia.
A família de Juana Luis improvisou uma casa sob uma grande árvore, depois que sua casa desabou no terremoto. Recuperaram uma mesa, cadeiras e outros objetos. Mas a situação é difícil.
— Antes comprávamos um frango por 70 pesos (US$ 4), agora vendem por 300 (US$ 17). Estou nervosa, por mais que eu queira comprar quando meus filhos pedem, não posso — explica a matriarca, sem conter as lágrimas.
Várias mulheres disputaram os pacotes entregues pelos militares, com biscoitos, arroz, leite em pó e café. Na pequena praça da Igreja de Martes Santo, diversas famílias — com crianças e idosos — dormiram na rua, temendo voltar para casa. As pessoas evitam os albergues porque temem ser assaltadas.
Nas ruas de Juchitán se sucediam os cortejos fúnebres, sob o som de bandas, como é o costume da cidade, habitada principalmente por indígenas da etnia zapoteca. Entre as vítimas está Manuela Villalobos, 85 anos, que morreu com a queda do telhado de sua casa enquanto dormia.
— Era uma mulher muito forte, cuidava para que as novas gerações conhecessem as tradições de zapotecas, inclusive os rituais funerários — lembrou seu neto Cristian Juarez, 46 anos, médico.
O terremoto ocorreu às 23h49min locais de quinta-feira (7), perto da localidade de Tonalá, no Estado de Chiapas, no Pacífico, a cerca de 100 quilômetros da costa.
A Cidade do México, devastada em 1985 por um terremoto de 8,1 graus que deixou mais de 10 mil mortos, chegou a sentir o tremor, mas saiu ilesa.