
Por decisão da maioria da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, o médico Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo Uglione Boldrini, morto em Frederico Westphalen, seguirá recolhido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). O TJ negou o pedido de habeas corpus impetrado por Jader Marques, advogado de Boldrini, que está está preso por suspeita de envolvimento no assassinato do próprio filho.
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A prisão de Leandro Boldrini foi decretada no dia 14 de abril, data em que o corpo do menino foi encontrado em uma cova às margens de um rio no interior de Frederico Westphalen. Por dois votos a um, os magistrados do TJ também mantiveram o processo em Três Passos, cidade em que Bernardo morava com o pai e a madrasta, Graciele Ugulini, também presa por participação no homicídio.
Jader Marques solicitou o deslocamento do processo para a Comarca de Frederico Westphalen embasado no artigo 70 do Código de Processo Penal (CPP), que estabelece que a competência de julgamento é determinada pelo lugar em que se consumar a infração. O advogado fez a alegação porque Bernardo foi morto na cidade, e não onde morava.
Marques baseou o pedido argumentando que a confissão de Edelvania Wirganovicz - que detalhou como o menino morreu e onde foi enterrado -, a multa sofrida por Graciele no percurso entre Três Passos e Frederico Westphalen e as imagens das câmeras de segurança mostraram que Bernardo não foi morto em Três Passos. Além disso, o advogado sustentou que faltam requisitos para manter a prisão cautelar do acusado.
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Ao analisar o pedido, o desembargador Nereu José Giacomolli salientou que deve ser levado em conta o local de início da execução do crime:
- Não há dúvidas de que se iniciou a conduta para matar o menino ainda em Três Passos. Ademais, lá residem dois dos imputados e a própria vítima, e é onde foi feita toda a investigação do caso. Não há como afastar a comarca de Três Passos.
- Não está se falando em provas, mas em indícios suficientes de autoria. O conjunto de elementos apontados nos autos é coerente. Não é possível dizer que há ausência de envolvimento do réu. Os indícios positivos prevalecem sobre os negativos - completou o desembargador na análise do pedido de liberdade.
Zero Hora entrou em contato com Jader Marques, mas ele não respondeu às ligações.
Relembre o caso
Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, uma sexta-feira, em Três Passos, município do Noroeste. De acordo com o pai, o médico cirurgião Leandro Boldrini, 38 anos, ele teria ido à tarde para a cidade de Frederico Westphalen com a madrasta, Graciele Ugulini, 36 anos, para comprar uma TV.
De volta a Três Passos, o menino teria dito que passaria o final de semana na casa de um amigo. Como no domingo ele não retornou, o pai acionou a polícia. Boldrini chegou a contatar uma rádio local para anunciar o desaparecimento. Cartazes com fotos de Bernardo foram espalhados pela cidade, por Santa Maria e Passo Fundo.
Na noite de segunda-feira, dia 14, o corpo do menino foi encontrado no interior de Frederico Westphalen dentro de um saco plástico e enterrado às margens do Rio Mico, na localidade de Linha São Francisco, interior do município.
Segundo a Polícia Civil, Bernardo foi dopado antes de ser morto com uma injeção letal no dia 4. Seu corpo foi velado em Santa Maria e sepultado na mesma cidade. No dia 14, foram presos o médico Leandro Boldrini - que tem uma clínica particular em Três Passos e atua no hospital do município -, a madrasta, uma amiga dela, identificada como Edelvânia Wirganovicz, 40 anos, que colaborou com a identificação do corpo.
Posteriormente, o irmão de Edelvânia - Evandro Wirganovicz - foi preso por suspeita de facilitar a ocultação de cadáver, crime pelo qual ele acabou denunciado pelo Ministério Público.
Veja como teria ocorrido o crime: