
Nas últimas 24 horas, dobrou o número de pessoas fora de casa em função da enchente nas regiões Norte, Noroeste e Fronteira Oeste. Às 7h de quarta-feira, eram 9.674. Nesta manhã, o Rio Grande do Sul contabiliza 21.928 desalojados ou desabrigados. É o maior número desde que os efeitos da cheia começaram a ser sentidos, há uma semana. Conforme o balanço da Defesa Civil do Estado no final da tarde de ontem, 19,6 mil moradores tiveram de abandonar suas residências.
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São 5.191 desabrigados (quando necessitam de abrigo municipal) e 16.737 desalojados (que foram para casas de parentes ou vizinhos). Subiu, também, o número de municípios afetados pela enxurrada. Já são 101 cidades atingidas, sendo que pelo menos 35 estão em estado de emergência e duas decretaram situação de calamidade pública (Iraí e Barra do Guarita). A cidade mais afetada é Itaqui, na Fronteira Oeste, com 9.780 moradores fora de casa por conta da cheia. Em São Borja, são 2,9 mil pessoas.
Apesar da trégua da chuva nos últimos dois dias - mas que não foi suficiente para que o nível dos rios baixassem -, o retorno da instabilidade nesta quinta-feira coloca os municípios que já sofrem pela enxurrada em alerta. Deve continuar a chover até domingo, o que pode contribuir para novas cheias. Mesmo quando parou a chuva, o nível do Rio Uruguai seguiu alto porque a água de afluentes chega à Fronteira Oeste. Segundo o geólogo e professor da UFRGS Antonio Pedro Viero, a instabilidade ocorrida em toda a região da bacia catarinense e gaúcha junta-se às registradas nas próprias cidades com cheias, aumentando o nível do rio.
- Isso é costumeiro. Quando chove no norte de Santa Catarina e no Norte do Rio Grande do Sul, os rios desaguam no Rio Uruguai e as águas descem. Elas demoram a chegar, mas, em quatro dias, atingem a Fronteira Oeste. O nível está estabilizado em São Borja, subiu um pouco mais em Itaqui e, em Uruguaiana e Barra do Quaraí, deve começar a subir mais durante dois dias. É que os municípios são muito distantes - explica o coordenador da regional da Defesa Civil em Uruguaiana, capitão Gerson Corrêa de Mello.
Ontem, o Rio Uruguai estava 12,30 metros acima do nível normal em Itaqui. Em São Borja, 17 metros acima e, em Uruguaiana, quase 12 metros a mais. A enchente já é considerada uma das mais graves na Bacia do Rio Uruguai, conforme a Defesa Civil do Estado - sendo comparada à histórica cheia de 1983.
O secretário-chefe da Casa Militar e coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil, coronel Oscar Luis Moiano, está à frente do cargo desde 2011. Segundo ele, é a pior cheia enfrentada pelo Rio Grande do Sul na sua gestão.
- Não tivemos nenhuma pior, em especial na Bacia do Rio Uruguai. Enfrentamos enchentes nos vales do Caí, Taquari e Sinos, mas no Uruguai não havíamos tido nada tão expressivo - afirma Moiano.
Nesta manhã, o coronel e prefeitos de municípios afetados pela enxurrada têm uma reunião no Ministério da Integração, em Brasília, onde deve ser definida a liberação de recursos emergenciais ao Estado.
- Ainda estamos fazendo o socorro, continuamos retirando as famílias e abrigando as pessoas das áreas atingidas. Depois disso, há toda a questão dos danos na agricultura, na infraestrutura, em pontes e até em residências. Só poderemos estimar os prejuízos quando a água baixar - conclui o coordenador.
Em Itaqui, casas tiveram de ser removidas de dentro do rio:
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