Assim como a cheia do Rio Uruguai, que inicia no Norte e corre leito abaixo até a Fronteira Oeste, ocorre o cessar da maior enchente vivida pela região em 30 anos. Se em São Borja, município mais acima do mapa rio-grandense, o leito já recuou mais de cinco metros desde o pico da enxurrada, na quarta-feira da semana passada, em Uruguaiana a redução ainda é tímida: cinco centímetros. Porém, o suficiente para acalmar a angústia das 6 mil pessoas expulsas das suas residências pela água no município.
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Em São Borja, conforme a Defesa Civil do Estado, ainda são 2,9 mil moradores desalojados ou desabrigados. Porém, a estimativa não oficial da coordenadoria do órgão na cidade é que metade dos afetados já esteja retornando às suas residências.
- Seguimos distribuindo kits de alimentação, limpeza e higiene e servindo em torno de 300 refeições por dia, e assim devemos continuar até quarta-feira - projeta o coordenador da Defesa Civil de São Borja, Élcio Carvalho.
Na cidade, o nível do Rio Uruguai está 11,9 metros acima do habitual - mas chegou a 17,34 na última semana. Em Itaqui, cidade mais ao Sul, a última medição apontou que o rio está 12,57 metros mais alto do que o normal - no sábado, era 13,2 metros. Já há moradores, mesmo sem autorização da Defesa Civil, retornando para casa.
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- Oficialmente vamos liberar a partir de amanhã para alguns poderem voltar para suas casas. Antes temos de fazer uma vistoria. Mas, para os moradores da região do cais retornarem, é preciso que o rio recue até 9 metros. Para baixar toda essa água, ainda deve levar uns cinco ou seis dias - diz o coordenador da Defesa Civil de Itaqui, Marcos Santos.
Uruguaiana amanheceu com céu azul, sol forte e temperatura baixa nesta segunda-feira. Parte da população afetada pela cheia aproveita o tempo bom para limpar aquilo que o barro sujou. Apesar o pequeno recuo do Rio Uruguai na cidade, a Defesa Civil local aposta na retomada da rotina ainda nesta semana.
- Essa baixa do rio deve aumentar entre hoje e amanhã, mas temos ainda o Rio Ibicuí que está muito cheio. Estimamos que na quinta-feira as pessoas possam retornar para as suas casas, com todo o trabalho de limpar e esperar secar. Quando baixar a água, infelizmente, tem famílias que não vão mais encontrar nada - lamenta o coordenador, Paulo Volter.
Em todo o Estado, 20,4 mil pessoas seguem desabrigadas ou desalojadas - 90% delas na Fronteira Oeste.
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Enxurrada como a deste ano não era vista no Rio Grande do Sul desde 1983, que atingiu cidades como Itaqui, Iraí, São Borja e Uruguaiana.