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Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência da República, prometeu nesta terça-feira não aumentar a carga tributária em seu governo. Em reunião com auditores fiscais, Campos defendeu o reajuste da tabela do Imposto de Renda, a fim de aumentar a faixa salarial de isenção do tributo. Os servidores do Fisco entregaram uma série de propostas ao candidato, entre elas, a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 2,8 mil - o teto atual é de R$1.787.
- É inconcebível que quem ganhe R$ 1,8 mil já pague imposto de renda e que os pobres paguem mais que os ricos - disse Campos.
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Os profissionais também sugeriram a ampliação do imposto anual sobre veículos (IPVA) para barcos, helicópteros e aviões particulares de luxo.
- Não é normal o Imposto de Renda incidir sobre quem ganha R$ 1,8 mil. Nem incidir sobre a moto de 125 cilindradas que um trabalhador usa para trabalhar e não sobre a aeronave particular. O governo desonera o Imposto sobre Produtos Industrializados para carros e deixa o da bicicleta - criticou, citando a política de desonerações da presidente Dilma Rousseff.
Os auditores pediram redução da carga tributária de 35% do PIB para 32% em cinco anos. O candidato insistiu que é preciso "liberar a renda dos pobres para liberar o consumo" e disse que os avanços na renda ocorridos nos últimos anos estão em xeque.
- Serei o primeiro presidente da República que se compromete que não haverá aumento da carga tributária e apresentará uma rampa para redução da carga tributária no Brasil - disse Campos aos fiscais.
O ex-governador de Pernambuco garantiu que vai mandar uma proposta de reforma tributária ao Congresso na primeira semana de governo, e voltou a criticar a existência de 39 ministérios e 22 mil cargos comissionados na administração federal. Campos prometeu ainda "resgatar a Petrobras da situação em que ela se encontra" e "blindar (a empresa) da interferência nefasta da politicagem", mas evitou falar em reajuste da gasolina.
- Não podemos crescer 1% do PIB. O que houve de avanço de inclusão das famílias vai desaparecer rapidamente se continuar esse padrão de crescimento - previu.
Campos volta a criticar o presidencialismo de coalizão
Mais cedo, Campos havia voltado a criticar o sistema de presidencialismo de coalizão - que chamou de "a velha política" e atribuiu ao governo da presidente Dilma. A entrevista, feita pelo telefone, foi ao ar no programa Faixa Livre, da Rádio Livre (1.440 AM), do Rio, na manhã desta terça-feira.
- O que se faz hoje em Brasília é um pacto que divide pedaços do Estado e alianças com adversários históricos. Na Alemanha, os partidos fazem alianças, mas em torno de programas. É assim que o Brasil tem de fazer: alianças em torno de um pensamento - disse o candidato.
Campos, entretanto, não entrou em detalhes sobre como pretende sustentar as relações com o Congresso - para aprovação de leis e do orçamento, por exemplo - sem seguir o atual modelo de presidencialismo de coalizão.
- O modelo que aí está vem desde o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), depois no segundo governo Lula (PT) ficou mais evidente com o caso do 'Mensalão' e agora se imaginava que a presidente Dilma fosse quebrá-lo. Mas o que ela fez foi se entregar a esse tipo de modelo, o que não permite ao Brasil viver o encontro com essa energia renovadora da sociedade. Eu e Marina Silva, candidata a vice em nossa chapa, ofereceremos ao Brasil a possibilidade de ser a única candidatura que dialoga com essa energia - afirmou o candidato.
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