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O Conselho Regional de Odontologia (CRO) aguarda a remessa da documentação que constatou falha no atendimento ao público por parte de alunos da Faculdade de Odontologia da Ulbra, em Canoas. Para avaliar a adoção de alguma medida, a entidade quer detalhes sobre a apuração da conduta de dois estudantes que atenderam seis pacientes com instrumentos não esterilizados, nos dias 19 e 26 de maio e 4 de junho.
Ao saber do caso por Zero Hora, o conselho enviou um fiscal à faculdade na tarde de quarta-feira, que constatou que o sistema de esterilização funciona de forma adequada. Segundo a Ulbra, o problema foi de conduta dos alunos. Em maio, um professor descobriu que dois alunos do nono semestre teriam feito atendimentos sem esterilizar os instrumentos. Uma sindicância comprovou o erro. Eles foram punidos com reprovação em três disciplinas. A pena de expulsão foi descartada.
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Os acadêmicos recorreram à Justiça e obtiveram liminar para concluir as matérias. Agora, cursam o último semestre, mas, segundo a coordenação da faculdade, não se formarão se não repetirem as disciplinas em que foram reprovados administrativamente. As regras determinam que cada estudante tenha o seu kit de instrumentos, que deve passar pelo setor de esterilização antes do atendimento nas clínicas da faculdade. Quando o material sai do setor, o aluno recebe um comprovante que deve ser levado para a clínica. O caso foi descoberto quando um professor notou que alunos não tinham o comprovante.
Conforme o coordenador do curso, professor Adair Luiz Stefanello Busato, ainda está sendo feito um levantamento para verificar se houve outros casos no semestre passado. Os seis pacientes terão a saúde monitorada. A divulgação da notícia motivou dezenas de comentários na página da internet do Centro Acadêmico da faculdade. Havia preocupação de que o episódio atingisse negativamente a imagem do curso.
- Ficamos preocupados com o que o pessoal de fora poderia interpretar. Ficou claro o que aconteceu, e que a faculdade aproveitou o fato para fortalecer um sistema (de esterilização) que já é um dos mais modernos e avançados - disse João Carlos Bordin, 28 anos, formando do curso e presidente do Centro Acadêmico.
Ressaltou que o problema ocorreu por "falta de ética" de dois alunos e que não pode ser interpretado como um erro de toda a faculdade.
CONTRAPONTO
O que disseram Daniel Sironi Ferreira e Jeferson Voges dos Santos, advogados dos alunos
"Os fatos não estão esclarecidos e tampouco são admitidos pelos estudantes. Não houve instauração de uma sindicância formal. Aos acadêmicos, não foi oportunizado o direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa, por conseguinte desconhecem os fatos apurados e imputados, e é isso que discutimos nas ações que tramitam na Justiça. Se houve apuração dos fatos, esta se deu de forma unilateral. Não existe defesa técnica de nossos clientes. A decisão do conselho administrativo foi sucinta, sumária e arbitrária. Quanto ao mérito dos fatos, os acadêmicos se manifestarão em juízo ou administrativamente, caso a universidade instaure a devida sindicância formal, desde já certos de sua inocência."