
Preso durante a Operação Lava-Jato da Polícia Federal, o doleiro Alberto Youssef aceitou, pela primeira vez, negociar uma possível delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). O acordo, contudo, ainda não foi firmado. O pedido de familiares foi o que mais influenciou na decisão do réu, que já rejeitou propostas de delação ao menos duas outras vezes.
O advogado Antônio Augusto Figueiredo Bastos, que coordena a defesa de Youssef, diz que nesta quarta-feira a equipe começará a analisar a possível negociação. Ele, no entanto, não deverá mais defender o doleiro no processo da Lava-Jato, caso o acordo de delação seja firmado, assim como o colega Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Para Bastos, não há segurança jurídica neste tipo de acordo, e a defesa teria grandes chances de sucesso neste processo sem que o doleiro se comprometesse.
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Juiz nega acesso à delação de Paulo Roberto Costa
Doleiro da Lava-Jato passa mal na PF e é internado
A operação Lava-Jato foi deflagrada em 17 de março pela Polícia Federal. Alberto Youssef foi preso como peça-chave de um esquema de lavagem de dinheiro que tinha a participação do ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que aceitou a delação premiada.
A suposta ligação dos deputados federais André Vargas (sem partido) e Luiz Argôlo (SD-BA) com o doleiro levou os parlamentares a responder processo no Conselho de Ética da Câmara. O esquema descoberto pela PF envolvia tráfico internacional de drogas, corrupção de agentes públicos, sonegação fiscal, evasão de divisas, extração, contrabando de pedras preciosas e desvios de recursos públicos.
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O doleiro foi condenado na semana passada por fraude no antigo Banco do Estado do Paraná (Banestado). O processo estava arquivado desde 1998, em razão de um acordo de delação premiada que ele fez com a Justiça, mas foi reaberto após a PF identificar envolvimento dele em outros esquemas durante investigações da Lava-Jato.
Kakay confirma que deixará o caso
O outro advogado de Youssef, Kakay, confirmou nesta terça-feira que o doleiro decidiu fazer um acordo de delação premiada e que sairá do caso.
- A família convenceu o Youssef a fazer a delação. Por mais que eu tenha afirmado que a nossa tese no STJ (Superior Tribunal de Justiça) é muito forte e que eu acredito na hipótese de anular todo o processo, a família cansou e eu estou saindo do caso - afirmou o advogado.
Castro afirmou que Youssef sempre foi correto com ele.
Pediu para me avisar dizendo que não pode segurar a família. Pediu desculpas e disse saber que eu ia sair, como combinado - completou.
*Com agências de notícias