Acusado de matar o ex-vice-prefeito de Porto Alegre Eliseu Santos em 2010, Eliseu Pompeu Gomes, 27 anos, comandava uma quadrilha de ladrões de carros, residências e estabelecimentos comerciais de dentro da Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ). Na manhã desta segunda-feira, 12 integrantes do bando foram presos em cidades da Região Metropolitana. A Polícia Civil chegou a eles por meio de escutas telefônicas. Em uma delas, um suspeito anuncia que vai assaltar "uma firma", desdenha das punições e conta que pagou R$ 3 mil por um telefone na PEJ.
"Quando vê, do nada, eu tô chegando de volta. Vou te falar um bagulho sério: eu preciso de dinheiro e vou roubar aquela firma. Só preciso saber o dia (do pagamento), os guris já estão campanando ali", fala o suspeito (abaixo). Em seguida, ele pergunta ao comparsa sobre "a maconha da massa" e diz que chegou "uma bem verdinha" dentro do presídio.
O suspeito comentou também que vai responder por porte restrito e clonagem, não por roubo, e que logo deve estar no regime semiaberto. No outro áudio, Eliseu e um integrante da quadrilha comentam sobre o roubo à Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, em Porto Alegre, que fica ao lado da Academia de Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul. Diversos telefones celulares foram recolhidos na casa de Gomes e seriam levados para ele nos próximos dias.
Polícia desarticula terceira quadrilha em menos de sete dias
Em nova ofensiva contra o roubo de veículos e de residências - a terceira em uma semana -, a Polícia Civil prendeu uma quadrilha de criminosos que era liderada por Eliseu Pompeu Gomes, preso em outubro de 2013. Foram cumpridos, na manhã desta segunda-feira, 12 mandados de detenção em municípios da Região Metropolitana.
Gomes, 27 anos, é acusado de ser o autor da morte do ex-vice-prefeito e ex-secretário da Saúde de Porto Alegre Eliseu Santos, em fevereiro de 2010. Atualmente, está na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ).
ZH Opinião: Como combater o crime?
A quadrilha foi descoberta logo depois da prisão de Gomes em uma blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Sapucaia do Sul. Por meio de escutas telefônicas, foram identificados 20 suspeitos de roubos a residências, veículos e pessoas. Eles atuavam em Canoas, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Esteio, Estância Velha, Ivoti e Porto Alegre.
Delegados Thiago Lacerda e Vicente Nunes mostram apreensões (Ronaldo Bernardi)
Em fevereiro, o grupo roubou diversos fiéis que rezavam uma missa na Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, na Capital. No mesmo dia, atacou um posto de combustíveis, ao lado de uma delegacia. A ousadia dos criminosos chamou a atenção da polícia, que começou a monitorar o bando.
Responsável por conduzir a investigação por quase um ano, o delegado Thiago Lacerda afirma que Gomes é considerado um dos criminosos mais perigosos do Estado, com passagens por homicídio qualificado, formação de quadrilha armada e roubo de veículos, entre outros delitos. Segundo o delegado, Gomes cometeu diversos crimes enquanto esteve solto. Na casa do acusado, os policiais encontraram celulares embalados para serem destinados a ele na cadeia:
- Ele é líder de uma quadrilha perigosa. A polícia continua fazendo sua parte, mas é preciso endurecer a Lei de Execuções Penais para alguns crimes, principalmente no regime semiaberto. A sociedade precisa de mais tranquilidade nesse sentido.
O diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), delegado Vicente Nunes, lamenta que Gomes tenha sido preso e solto três vezes em um ano, mas garante que a Polícia Civil vai continuar fazendo novas operações contra quadrilhas de ladrões de veículos. O delegado espera que a Justiça colabore para manter atrás das grades os líderes das organizações criminosas:
- Estamos em um grande empenho para diminuir os índices de roubos. Desmantelar uma quadrilha comandada de dentro de uma casa prisional tem um significado, pode estancar veias importantes da atuação criminosa. Infelizmente, é mais um caso em que a gente está prendendo quem já está preso. Temos de ter comprometimento com a população para não perder a fé.
O saldo da Operação Elisium foi 12 presos, três quilos de maconha apreendidos, duas armas e uma balança de precisão.
