
Os investidores do mercado financeiro derrubaram em quase 10% as ações da Petrobras na Bolsa de Valores nesta segunda-feira, fazendo o papel chegar a um dos menores níveis dos últimos dez anos. A forte queda em um único dia foi puxada principalmente pelos acionistas estrangeiros.
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A empresa prometeu que divulgaria seu balanço do terceiro trimestre na última sexta-feira e não o fez. Publicou apenas um fato relevante, com alguns números de sua operação, e fez uma nova promessa: a de que fará o que for preciso para manter seu caixa e assim pagar suas dívidas sem precisar recorrer a financiamentos em 2015.
- Uma boa promessa, mas difícil de ser mantida. (...) Para ganhar a confiança do investidor, a Petrobras terá de dar muitos detalhes trimestre a trimestre de que é capaz de fazer isso. Sem conversa fiada - resumiu o banco Credit Suisse em relatório dos analistas Andre Sobreira e Vinicius Canheu, lembrando das tantas promessas não cumpridas pela companhia.
No começo do pregão de segunda-feira na bolsa brasileira, as ações caíam quase 2% segundo Ricardo Kim, da XP Investimentos, e assim que os mercados nos EUA abriram - onde parte das ações da estatal é negociada - começou a derrocada. Na Bolsa de Nova York, os American Depositary Receipts (ADRs) da Petrobras caíram 12,1%, fechando a US$ 6,08, o valor mais baixo desde março de 2003.
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No Brasil, as ações preferenciais chegaram a R$ 9,18, com queda de 9,2% e atingindo a mínima desde janeiro de 2005, enquanto a ação ordinária, com direito a voto, fechou a R$ 8,52, queda de 9,94%, menor preço desde agosto de 2004. Com variação de cerca de 10% durante a sessão, a venda dos papéis da Petrobras foi interrompida e eles entraram em leilão.
Os analistas dizem que a forte venda dos papéis se deu ainda por causa da alta do dólar ante o real, que eleva a dívida de US$ 135 bilhões da Petrobras. Também pela intensificação do noticiário negativo para a companhia relacionado às denúncias de corrupção e por causa da queda dos preços do petróleo.
Cotação do petróleo coloca negócios em risco
Pelos cálculos do Goldman Sachs quase US$ 1 trilhão em projetos no setor estão em risco por causa do recuo da cotação do petróleo, segundo reportagem do jornal britânico Financial Times.
O banco Morgan Stanley não descarta a possibilidade de os preços flertarem com o patamar de US$ 40, o que poderia inviabilizar novos projetos de extração em países como Estados Unidos, Canadá e Brasil. Na segunda-feira, o preço do petróleo estimado para janeiro foi negociado a US$ 55,91 o barril do petróleo WTI, cotado em Nova York, e o Brent, de Londres, para o mesmo mês foi avaliado em US$ 61,06.
As empresas do setor estão cortando custos, renegociando dívidas, reduzindo investimentos e até diminuindo seus quadros. No Brasil, a Petrobras diz que está tomando medidas para manter o caixa sem ter de recorrer a empréstimos. A empresa tem R$ 30 bilhões em dívidas vencendo em 2015 e um plano de investimentos de R$ 100 bilhões. Seu caixa em setembro era de R$ 62 bilhões. A Petrobras precisa publicar o balanço anual até 30 de junho, que dependerá do resultado das investigações internas que estão sendo feitas. A auditoria só dará seu aval após essa apuração.
Se não publicar o balanço, terá de pagar antecipadamente US$ 50 bilhões em dívidas, além das que já venceriam em 2015. O HSBC estima que a empresa ficará sem caixa no quarto trimestre de 2015. Colaboraram line Bronzati e Altamiro Silva Júnior, com Dow Jones Newswires.
