Políticos citados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa como beneficiários do esquema investigado pela Operação Lava-Jato negaram o envolvimento e questionaram o vazamento do teor da delação premiada.
O ex-ministro da Fazenda e Casa Civil Antonio Palocci, por meio da assessoria de imprensa, negou "veementemente" as informações sobre ele. O advogado Guilherme Batochio, constituído por Palocci, reagiu taxativamente:
- O próprio Paulo Roberto disse que não sabe se foi repassado dinheiro (para o petista) e reconheceu que o ministro Palocci não lhe pediu nada. Palocci não conhece, nunca falou com Paulo Roberto.
José Otávio Germano (PP-RS) nega qualquer envolvimento com o esquema de corrupção. O deputado admite que esteve duas vezes com Paulo Roberto na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, para tratar de assuntos institucionais. Nas oportunidades, o delator ocupava a diretoria de Abastecimento da estatal e o deputado presidia a Comissão de Minas e Energia da Câmara.
- Afirmo categoricamente que nada sei sobre os fatos denunciados pela Operação Lava-Jato, e que por isso mesmo nada devo e nada temo - disse Germano, que se manifestou por meio de nota.
Ex-diretor cita 28 supostos beneficiários de esquema na Petrobras
A assessoria do Ministério de Minas e Energia informou, em nota, que o titular da pasta, Edison Lobão (PMDB-MA), "desconhece a referida lista e não é beneficiário de qualquer irregularidade". A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirma que "não conhece e jamais manteve qualquer contato com Paulo Roberto e Alberto Youssef". Ela disse que "nada tem a temer sobre a investigação e que seus sigilos fiscal, bancário e telefônico estão à disposição da Justiça".
O ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA) disse que o vazamento dos nomes vai acabar prejudicando a delação premiada de Costa. Ele questionou se a reportagem tinha alguma prova de que teria recebido propina:
- Prefiro ser julgado pela mídia do que pela Justiça. A mídia julga e mata, mas depois ninguém lembra de nada. Jamais, zero, nunca Costa pode afirmar que fez negócios comigo. Durmo tranquilo.
Único governador em exercício entre os políticos citados, o petista Tião Viana (AC), disse "estranhar" a informação de que seu nome foi mencionado. Viana, reeleito governador, disse por meio de sua assessoria de imprensa que "não conhece e nunca teve qualquer tipo de relação" com o ex-diretor. Entre os ex-governadores que aparecem na lista dos 28 nomes, o do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB-RJ) diz "repudiar" a menção de seu nome. Ele disse que sua relação com Costa "sempre foi institucional".
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Também em nota, o PSB diz ter "extrema confiança" em Eduardo Campos, que governou Pernambuco entre 2006 e abril de 2014. "O ônus da prova é de quem acusa, portanto, o senhor Paulo Roberto Costa deve provar a sua denúncia, até porque ele cita um líder com reputação ilibada e que não está mais aqui para se defender", afirmou o partido. Campos morreu em agosto em um acidente aéreo.
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, que representa Roseana Sarney (PMDB), também nega envolvimento da ex-governadora do Maranhão. Ele explicou que "por falta de sorte" o nome dela apareceu em meio às investigações da Petrobras, mas que, na verdade, ela está sendo investigada pelo pagamento de precatórios efetuado pelo governo maranhense a duas construtoras - caso que está a cargo do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A assessoria de imprensa da presidência do Senado informou que as relações do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) com todos os diretores da Petrobras "nunca ultrapassaram os limites institucionais".
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O senador Lindberg Faria (PT-RJ) disse que se reuniu com Costa este ano enquanto candidato ao governo do Rio para preparar a parte de energia do plano de governo. Segundo ele, o ex-diretor disse que procuraria três empresas para pedir doações à campanha - mas isso não ocorreu, de acordo com ele, porque Costa foi preso.
- Não existe nenhuma acusação dele contra mim. Essa menção ao meu nome não tem pé nem cabeça. Eu te garanto que não recebi nenhuma propina - afirmou.
O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) disse "nunca" ter pedido "um centavo" a Costa. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) enviou à reportagem a mesma carta entregue ao juiz Sérgio Moro, da Lava-Jato. Ele disse que renuncia se houver qualquer "comprovação de vínculo financeiro ilegal ou impróprio". Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou, via assessoria, que não conhece Costa e que nunca recebeu nada. O senador Humberto Costa (PT-PE) disse que disponibilizou seus sigilos.
