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O secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, defendeu na manhã desta quarta-feira, na Rádio Gaúcha, a remoção terrestre do menino argentino Thiago Baez Cichanowski, três anos, que caiu do terceiro andar de um hotel em Capão da Canoa, no Litoral Norte, na terça-feira. O impasse sobre o transporte do menino durou uma hora e 15 minutos, até que, por fim, ele acabou sendo transferido por via aérea do Hospital Santa Luzia, em Capão, para o Hospital de Pronto-Socorro (HPS), em Porto Alegre.
Segundo o secretário, o menino foi prontamente atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado ao Hospital Santa Luzia. No estabelecimento do Litoral, Thiago foi atendido por dois neurocirurgiões, depois, fez tomografia computadorizada e se constatou que ele não tinha necessidade de cirurgia, e sim de uma UTI pediátrica, o que não existe no Santa Luzia. Então foi decidida a transferência.
No entanto, ao perceber que o quadro de politraumatismo sofrido após a queda de uma altura de sete metros requeria esse atendimento em uma UTI pediátrica, a médica Rossana de Carli acionou seus contatos do Batalhão Aéreo da Brigada Militar, que cedeu a aeronave para o deslocamento até o HPS. No entanto, o desencontro sobre a vigência do convênio que garante o trabalho do serviço aeromédico do Samu atrasou o deslocamento em mais de uma hora. O primeiro atendimento de Thiago teria sido às 9h40min no Santa Luzia, e a chegada a Porto Alegre ocorreu às 12h34min.
- Se tivesse necessidade de cirurgia, seria realizada lá mesmo, o Santa Luzia tem estrutura. Estamos procurando qualificar os hospitais nas regiões, e esse menino foi muito bem atendido. Os neurocirugiões não solicitaram remoção por helicóptero. Essa remoções são comuns, por meio terrestre em uma UTI móvel - disse Gabbardo.
O secretário criticou a atitude da médica. Ele questionou a opção pelo transporte aéreo:
- O problema é que ele também foi atendido por uma médica que faz parte de grupo de médicos que trabalham com helicópteros e tentou criar uma exigência de que precisaria de helicóptero. A remoção poderia ser feita de ambulância sem nenhum prejuízo ao paciente porque não tinha hematoma nem necessidade de intervenção cirúrgica. Na questão da remoção, muitas vezes o tempo não é o mais importante. Há 15 anos, quando se encontrava um atropelado, se disparava o primeiro táxi e se empurrava para dentro do veículo, normalmente um Fusca sem porta atrás, pela rapidez. Hoje, não se faz nada. Se coloca a vítima em posição confortável e aguarda o Samu. O transporte terrestre muitas vezes tem vantagens ao aéreo.
Governo pode encerrar convênio
Gabbardo também falou sobre o convênio que causou o atraso. Ele explicou que o governo do Estado paga R$ 166 mil por mês para a prefeitura de Imbé, que repassa o valor para a Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte), que, por sua vez, contrata a empresa Futura. Essa empresa contrata os profissionais que atendem no helicíptero.
- Queremos utilizar os profissionais da Saúde. O convênio com Imbé nunca foi suspenso, mas é irregular e não vamos manter. Porém, enquanto não houver manifestação do Ministério Público ou do Tribunal de Contas do Estado, vamos manter esse serviço - argumentou Gabbardo.
O menino seguia internado em estado grave no HPS nesta quarta-feira.
Deslocamento do paciente teve a presença da aeromédica, dispensada pelo Samu no sábado
Foto: Arquivo pessoal
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