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Operação Lava-Jato

Eduardo Cunha ataca Janot e recebe elogios de deputados em CPI

Disputas políticas foram deixadas de lado, e o que se viu foi um ato de desagravo ao presidente da Casa

Rodolfo Stuckert / Câmara dos Deputados
Cunha, que é alvo de um inquérito no STF, solicitou na última segunda-feira que pudesse prestar depoimento

O depoimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), nesta quinta-feira, na CPI da Petrobras, virou um longo ato de desagravo - protagonizado por ele e seus colegas parlamentares. Por mais de três horas de audiência, em vez de ser questionado pelos integrantes da comissão, o deputado recebeu apoio, elogios e até palmas, tanto da oposição quanto da base aliada.

A argumentação de Cunha se iniciou pouco antes das 10h e seguiu por cerca de uma hora, sem qualquer interrupção. O presidente da Casa negou qualquer relação com Fernando Soares, o Fernando Baiano, doleiro acusado de ser o representante do PMDB no esquema, e disse que há "incoerências" nas petições apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Cunha criticou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chamando os pedidos de abertura de inquérito ao STF de "piada". O peemedebista defendeu que houve "escolha política" em relação aos nomes citados e uma tentativa de transferência da "crise" do Palácio do Planalto para o Congresso Nacional.

- Ele (Janot) escolheu quem investigar - disse Cunha.

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Sibá Machado (AC), líder do PT na Câmara, defendeu o presidente da Casa e disse não haver razões para Cunha estar na lista dos políticos que serão investigados. Sibá ainda disse que sua opinião representava a opinião de toda a bancada petista, "que deve ser de uma opinião comum".

- O que essa Casa tem em mãos não nos leva a ver nenhuma razão para ver esse nome (de Cunha) citado. Por que essa seleção maldosa de ficar pinçando nomes? Um nome uma vez citado não consegue mais a mesma referência. É um modo altamente prejudicial para a disputa política - declarou o petista.

Em suas participações de seis minutos, deputados passaram a rasgar elogios ao presidente da Câmara. Arthur Oliveira Maia (SD-BA) considerou o depoimento espontâneo de Cunha um alento à imagem da Câmara Federal.

- A vinda de Vossa Excelência é um desagravo a esta Casa e a todos os deputados. O pedido de investigação traz para o conjunto da Casa uma condição de dúvida. Quero parabenizá-lo pela sua brilhante contribuição - disse Maia.

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Mantendo a linha dos outros deputados, o líder do PR, Maurício Quintella Lessa (AL), afirmou que o partido tem "total confiança" no peemedebista.

- Queria parabenizar o presidente da Casa pelo desprendimento, espírito público e por conta própria ter se prontificado a prestar esclarecimentos à Casa e à nação. Vossa excelência tem, do PR, total confiança - afirmou Lessa.

Até mesmo a oposição tratou das suspeitas contra Eduardo Cunha em tom amistoso. O líder do DEM, Mendonça Filho (PE), ressaltou que a criação da CPI da Petrobras teve o apoio do presidente da Câmara. O tucano Bruno Araújo (PSDB-PE) complementou:

- Você é mais presidente hoje do que as vésperas (da divulgação) dessa lista. A qualidade do conteúdo e a firmeza de suas posições dão aos partidos e aos parlamentares a tranquilidade e a sinalização ao país da plena estabilidade nesse processo - disse Araújo.

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Julio Delgado (PSB-MG) também cumprimentou Cunha pela iniciativa de comparecer à CPI, mas ponderou que será preciso "separar o joio do trigo".

Quebrando o gelo na CPI, a deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ) - filha de Anthony Garotinho, adversário de Cunha - fez questionamentos mais incisivos ao presidente da Câmara. Classificando a sessão como "vergonhosa", Clarissa afirmou que os parlamentares deviam questionar Cunha e não ficar dando "felicitações" a ele.
 
- Considero vergonhosa a reunião de hoje porque não cabe nenhum parlamentar condenar nenhum parlamentar nem absolver. (...) E vi aqui uma reunião de felicitações - ironizou.

E foi seguida pelo deputado Darcídio Perondi (PMDB-RS), que a repreendeu:

 - Deputados muito jovens aqui. Que bom. Mas a juventude não viu a ditadura, quando se fechava Congresso. Então eu também gostaria que a deputada retirasse o adjetivo 'vergonhosa'.

Por volta das 14h, foi encerrado o depoimento de Eduardo Cunha na CPI da Petrobras. Deputados ainda ouvem o depoimento do ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli, convocado na última quinta-feira. 

Acompanhe o depoimento de Gabrielli, do ex-presidente da Petrobras:




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