
Em depoimento prestado nesta terça-feira, na superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que tratou de pagamento de propinas junto a Alexandrino de Alencar, executivo da Odebrecht que pediu afastamento das suas funções na empreiteira também nesta terça-feira.
Alexandrino está preso desde a última sexta-feira, suspeito de ser o representante da Odebrecht em reuniões do cartel que fraudava licitações na Petrobras e superfaturava preços, com posterior distribuição de propina a dirigentes da estatal do petróleo e a políticos.
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Alexandrino foi, no passado, executivo da Braskem, braço petroquímico da Odebrecht. Ao desempenhar essa função, teria tratado de negócios ilícitos para garantir possíveis vantagens à Braskem na compra de nafta junto à Petrobras.
Paulo Roberto Costa afirmou que manteve reuniões reservadas com Alexandrino na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. Nessas ocasiões, ele disse que não houve conversa sobre pagamentos ilegais. O ex-diretor ainda informou que a compra da nafta pela Braskem também era tratada pelo ex-deputado José Janene (PP-PR), falecido em 2010, e pelo doleiro Alberto Youssef.
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Eles seriam responsáveis por agilizar, junto a Paulo Roberto Costa, a "tramitação dos pedidos de compra de nafta da Braskem", diz trecho do Termo de Colaboração Complementar prestado pelo ex-diretor da Petrobras ao delegado Eduardo Mauat da Silva, integrante da força-tarefa da operação Lava-Jato.
Costa, que está em prisão domiciliar, afirmou que não tinha poder de influenciar a questão do preço da nafta vendida à Braskem, mas explicou que conseguia intervir no prazo de entrega. Ele relatou que a Braskem tinha uma demanda contínua e que era melhor para a empresa comprar da Petrobras, operação que a livrava do preço do frete. Sem agilidade na Petrobras, a alternativa da Braskem era comprar nafta no mercado internacional, com valores mais elevados, descreveu o delator.
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Costa revelou à PF que a aceleração das encomendas da Braskem gerariam uma "contraprestação financeira na ordem de US$ 3 milhões a US$ 5 milhões por ano". Esse esquema teria ocorrido entre 2006 e 2012. Costa disse que parte desses valores eram destinados a ele, depositados em contas na Suíça por meio do operador Bernardo Freiburghaus.
No final do depoimento, Costa disse lembrar de uma reunião em um hotel, em São Paulo, em que estavam presentes Alexandrino e Janene. Na ocasião, sustentou o delator, foi tratado "de forma clara" o assunto do pagamento de vantagens ilícitas.
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Na sua manifestação diante do delegado Eduardo Mauat da Silva, Alexandrino contestou a versão. Disse que não haveria motivo para o pagamento de propina, considerando que a negociação de nafta com a Petrobras "não gerou qualquer vantagem à Braskem".
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