
Magistrado que conduz os processos da operação Lava-Jato em primeira instância, o juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara de Curitiba, decidiu, no final da tarde desta quarta-feira, que a prisão temporária de Alexandrino de Alencar deverá ser convertida em preventiva, quando não há prazo para a libertação.
A determinação acata pedido do Ministério Público Federal (MPF), que representou, logo depois do meio-dia desta quarta-feira, pela manutenção da detenção do executivo, agora por tempo indeterminado.
Alexandrino era executivo da Odebrecht até esta terça-feira, quando pediu afastamento das funções na empresa para se dedicar integralmente à sua defesa. Ele está preso desde sexta-feira em Curitiba, na superintendência da Polícia Federal, por suspeita de ser representante da Odebrecht no cartel de empreiteiras que faziam pagamentos de propina e colocavam sobrepreço em obras na Petrobras. Como executivo da Braskem, subsidiária da Odebrecht que atua no ramo petroquímico, ele também teria negociado o pagamento de propina ao ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa para que a empresa obtivesse vantagens na compra de nafta junto à Petrobras.
A prisão temporária de Alexandrino, de cinco dias, venceu na terça-feira. O juiz Sérgio Moro, inicialmente, prorrogou por apenas um dia a detenção. E deu prazo para que a manifestação do MPF ocorresse dentro desse período.
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Na petição em que pleiteou a continuidade do confinamento, o MPF afirma que Alexandrino "atuava de modo a obter pleno controle das operações realizadas pela Odebrecht, recebendo de (Alberto) Youssef as informações relativas às contas que receberiam os valores e devolvendo os swifts (espécie de extrato bancário) comprovando as transferências".
A argumentação é de que, mesmo que tenha se afastado das suas funções na Odebrecht, o executivo continua em condições de "interferir na prova"
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"Vistos os fatos desta forma, tem-se que a prisão preventiva de Alexandrino se justifica totalmente, pois tem amplo conhecimento das contas bancárias situadas no exterior e que eram empregadas no esquema criminoso, possuindo também plenas condições de ocultar não só os valores remetidos para fora do território nacional, como principalmente as evidências probatórias de tais condutas", diz a representação do MPF, assinada por quatro dos nove procuradores que atuam na força-tarefa do órgão na operação Lava-Jato.