
O presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo - preso na 14ª etapa da Lava Jato na última sexta-feira -, admitiu à força-tarefa da Operação Lava-Jato ter sido procurado por Fernando Antônio Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano, para que a empreiteira fizesse doações de campanha ao PMDB.
Esse depoimento do empreiteiro foi dado à Polícia Federal no dia 19 de maio - um mês antes da operação que resultou em sua prisão. Fernando Baiano também está preso e já é réu em ação penal por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele é apontado como operador do PMDB na Petrobras.
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Depoimento fala em "doação oficial" de campanha
"Que Fernando Baiano, em uma oportunidade, abordou o declarante, solicitando doação oficial de campanha, possivelmente para o PMDB, o que foi prontamente rechaçado, haja vista que já existia um critério pré estabelecido de doação para o diretório nacional sem a existência de intermediários", afirmou o executivo.
Ao ser questionado pela força-tarefa da Lava-Jato, Otávio Marques de Azevedo declarou que manteve "relação institucional" com pelo menos seis políticos do PMDB, incluindo o vice-presidente da República Michel Temer e o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB/RJ). "Que conheceu e teve relação institucional com os seguintes políticos do PMDB: Michel Temer, Eliseu Padilha (ministro da Aviação Civil), Eduardo Cunha, Eduardo Paes (prefeito do Rio), Sergio Cabral (ex-governador do Rio e alvo de inquérito na Lava Jato), Aloisio Vasconcelos, dentre outros".
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O executivo, contudo, não deu mais detalhes sobre o relacionamento institucional que manteve com estes políticos, e negou que a Andrade Gutierrez tenha participado do esquema de cartel em obras da Petrobras. "Que prova de não ser beneficiado pelo alegado cartel é o fato de, apesar de ser a segunda maior empreiteira do país, a Andrade Gutierrez ficou na 12ª posição na participação de contratos com a estatal", afirmou o executivo.
Mesmo negando envolvimento com as irregularidades apontadas nas investigações, Azevedo explicou que foi apresentado a Fernando Baiano por volta de 2009 ou 2010 pela equipe da área industrial da Andrade Gutierrez (que posteriormente passou a ser chamada área de óleo e gás). Segundo Azevedo, Baiano esteve cinco vezes em seu escritório, sendo quatro vezes para tratar de propostas de "parcerias para obras de infraestrutura", incluindo estudos para o túnel Santos-Guarujá, projeto do governo do Estado de São Paulo, há 20 anos sob comando do PSDB, e até obras em outros países como a ampliação do canal do Panamá.
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Na ocasião, segundo Azevedo, Baiano representava a empresa Acciona, que atua em projetos de água, energia e infraestrutura. Nenhuma das propostas discutidas entre Baiano e Azevedo foi adiante.
Além disso, explicou o empresário, Baiano também foi ao seu escritório em uma ocasião para negociar a compra de uma lancha que Azevedo colocou para vender em 2012 e que foi adquirida por Baiano por R$ 1,5 milhão. O executivo, contudo, negou que tinha uma relação de proximidade com o operador de propinas.
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Azevedo também relatou aos investigadores ter se encontrado com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa por volta de 2009 ou 2010 na sede da Petrobras para "retomar a participação da Andrade Gutierrez no rol de contratos que a Petrobras celebrava com as grandes construtoras nacionais".
Ele alegou ter tomado a iniciativa após constatar que a empreiteira representava apenas 2,4% dos contratos da Petrobras e afirmou que manteve outros encontros com o ex-diretor, preso na Lava-Jato e que revelou o que sabe sobre o esquema de propinas na estatal para abastecer partidos políticos em troca de benefícios como redução de sua pena.
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