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Paralisação no RS

Com professores em greve, aulas em escolas estaduais são exceção

No Instituto de Educação, alguns professores lecionam em turno reduzido

Jaqueline Sordi

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Fernando Gomes / Agencia RBS
Na manhã de quarta-feira, Margarida aguardava o filho Enzo, único aluno da turma que compareceu à escola, terminar a aula de português

As escolas da rede estadual em Porto Alegre seguem a orientação do Cpers e, em sua maioria, permanecem fechadas nesta quarta-feira, após decisão conjunta entre servidores do Estado de paralisar os serviços por três dias. Durante a manhã, Zero Hora visitou 15 escolas estaduais da Capital e constatou que 10 estavam sem aulas. As outras cinco funcionavam parcialmente e em turno reduzido por falta de alunos e de professores.

Entre as exceções está o Instituto de Educação Flores da Cunha, onde alguns professores se dispuseram a continuar lecionando em turno reduzido e receberam alguns - poucos - alunos nesta manhã. Por insistência dos filhos, que fizeram questão de ir até o colégio nesta quarta, Margarida Silva, 53 anos, aguardava Enzo, que tem 14 anos e está no 8º ano, e Giordano, que, aos 12, está no 7º ano, nos corredores.

- Minha mãe não queria me trazer, mas decidi vir para não perder aula - diz Enzo.

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O estudante, o único da sua turma a comparecer à classe, teve apenas as aulas português e de geografia. Em uma sala vazia, usou o tempo para corrigir os temas, fazer um trabalho e tirar dúvidas. Não se constrangeu em ter aula sozinho - adora estudar -, mas lamenta:

- Acho ruim o que está acontecendo para os nossos estudos.

Para Margarida, ver seus filhos estudando em uma sala vazia foi "chocante".

- Teu filho quer estudar e acontece isso. As professoras que foram não sabiam direito o que dizer. Se eu soubesse, nem teria levado eles - diz a mãe, que ficou esperando Enzo e Giordano porque achou inseguro deixá-los no local.

Em vez de sair perto do meio-dia, como de costume, os jovens deixaram o local pouco depois das 10h, ainda indecisos sobre se viriam ou não no dia seguinte.



Tales Motta, 12 anos, também enfrentou a chuva e saiu da cama logo cedo. Ele foi o único de sua turma, do 6º ano, a ir à aula. Por volta das 8h, a mãe do aluno o aguardava nos corredores do Instituto de Educação.

- Ele quis vir, pois alguns professores avisaram que fariam o período reduzido. Só que ele só encontrou a professora de português. Então, ele vai assistir a essa aula e, depois, vamos embora. Por isso que estou aqui esperando - conta Margarete Motta, 51 anos.

Apesar da greve, a instituição garante que os portões não serão fechados.

- É função da direção deixar a escola aberta à comunidade - afirma Leda Larratéa, diretora do Instituto de Educação.

No Colégio Estadual Júlio de Castilhos, o Julinho, alguns alunos desavisados chegavam, no início desta manhã, e recebiam a orientação de retornar somente na segunda-feira. Na Escola Estadual Rio Branco, a escola estava aberta, mas a única movimentação era de professores, que se reuniam com a direção da instituição para definir os próximos passos da mobilização.

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A Secretaria de Educação do Estado não tem um posicionamento oficial sobre a paralisação dos professores. De acordo com a assessoria da pasta, a recomendação do secretário, Vieira da Cunha, é de que os pais liguem para as escolas dos filhos para se informar se há ou não atividades nestes dias de greve.

Veja as fotos da assembleia que definiu a greve:

*Colaborou Jéssica Rebeca Weber

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