Está virando tradição no Senado transformar a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça em uma maratona para os candidatos indicados pelo governo de Dilma Rousseff. O clima de disputa política marcou a sabatina do procurador-geral de Justiça, Rodrigo Janot, que durou mais de 10 horas. Situação idêntica havia enfrentado o ministro Luiz Edson Facchin quando foi indicado para o Supremo Tribunal Federal. Janot foi aprovado com louvor: 26 votos a favor e apenas um contrário.
Voto de Collor em sabatina de Janot não é contabilizado
Janot, que há dois anos obteve 511 votos, desta vez foi novamente o mais votado e teve o aval de 799 procuradores. Em segundo lugar na votação, ficou o subprocurador Mario Bonsaglia, com 462 votos. Dilma não tinha obrigação de escolher o primeiro da lista tríplice, mas respeitou a preferência dos procuradores e deu um voto de confiança a Janot, no momento em que parte dos aliados do Planalto preferia vê-lo pelas costas.
Na sabatina, Janot manteve a serenidade que caracterizou sua atuação no primeiro mandato. Não perdeu a calma diante das provocações de senadores mais afoitos, nem se descontrolou quando foi agredido por um Fernando Collor patético, destemperado e inconformado por ter sido denunciado pelo procurador.
Senadores aprovam recondução de Janot à Procuradoria-Geral
A sessão mesclou perguntas sobre a Operação Lava-Jato e os métodos de investigação da PGR a questões de opinião, como a posição de Janot sobre a descriminalização do aborto (ele respondeu o óbvio: que a decisão é do Congresso), a redução da maioridade penal (ele é contra) e a liberação das drogas (contra).
A maioria dos senadores tratou o procurador com respeito e alguns até fizeram declarações de admiração. Janot não deixou pergunta sem resposta. Ao falar sobre a Petrobras, disse que a estatal "foi e é alvo de um megaesquema de corrupção" nunca visto em seus 31 anos de MPF.
Editorial: sem transigência com a corrupção
Em resposta ao questionamento sobre um possível acordão para salvar a pele de um ou outro investigado, foi enfático:
- Não há qualquer possibilidade de acordão. Todo material colhido nas investigações é aberto a qualquer cidadão e pode ser escrutinado pela sociedade. Ainda que eu quisesse, tenho 20 colegas que trabalham nessa questão e um grupo de delegados muito preparados. Eu teria que "combinar com os russos". É uma ilação impossível.
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Rosane de Oliveira
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