
As imagens captadas em todo o Brasil mostram que as manifestações deste domingo contra o governo foram expressivas, mas bem menores do que as de 16 de março. São múltiplas as explicações para essa perda de fôlego dos adversários do governo, uma surpresa para quem imaginava gravar o 16 de agosto na História como o dia do maior protesto de todos os tempos contra Dilma e o PT.
Há uma aparente contradição na perda de força da oposição, já que de março para cá a popularidade de Dilma só caiu, a situação das contas públicas se agravou e a Lava-Jato deixou o PT ainda mais desgastado.
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Em suas preces, Dilma deve começar agradecendo a São Eduardo (Cunha) por estar respirando um pouco mais aliviada. Foi a partir do momento em que Cunha passou a agir como um suicida, que setores importantes da política e da economia se convenceram do risco que representava sua "pauta-bomba" para a estabilidade do país.
A nota das federações industriais de São Paulo e do Rio de Janeiro, emitida após a aprovação da emenda que vincula os salários das carreiras jurídicas ao subsídio de ministro do Supremo Tribunal Federal, fez soar o alerta para empresários de outros ramos: todos perdem quando a instabilidade política contamina a economia.
Se fosse dada a acender velas, Dilma queimaria uma meia dúzia em agradecimento a São Michel (Temer). Foi o vice-presidente, historicamente desprezado pelos militantes do PT, quem chamou os líderes políticos e empresariais à razão, alertando, com semblante fechado, para a gravidade da crise. Aliás, as notas da Fiesp e da Firjan só mencionavam o nome dele, não o de Dilma.
Por mais difícil que seja admitir, Dilma deve reconhecer o papel de São Renan (Calheiros) na administração da crise. Mesmo que não esteja entre os santos de sua devoção política, Renan ajudou a serenar os ânimos ao apresentar, na contramão da pirotecnia de Cunha, a chamada "Agenda Brasil". Em uma costura que teve o dedo de Temer, Renan apontou para o futuro, mostrando que a Dilma não basta apenas preservar o mandato obtido nas urnas; é preciso ressignificá-lo.
Por fim, e não menos importante, é preciso agradecer a São Joaquim (Levy), outro para quem boa parte dos militantes petistas torce o nariz. Foram os fundamentos do ajuste fiscal conduzido por Levy que impediram o Brasil de perder o grau de investimento, mesmo com o rebaixamento de sua nota pela agência de classificação de risco Moodys. Tudo o que o país não precisa agora é de uma fuga em massa de investidores. Se Temer é o fiador da estabilidade política, Levy é o avalista da credibilidade na economia.
Veja imagens da manifestação deste domingo pelo país:
* Zero Hora